Por Ivan Ramos – Diretor Executivo da Fecoagro
Em que pese às razões de sua realização tenha sido devida uma crise do momento em SC, o Fórum do Agronegócio que discutiu a produção e abastecimento do milho em nosso Estado foi considerado um sucesso. Todas as manifestações apresentadas por lideranças e participantes após o evento, foram positivas e de cumprimentos pela iniciativa e pelo alto nível dos debates e pela oportunidade de discussão sobre o produto que hoje é notícia do dia, no agronegócio catarinense e brasileiro. A iniciativa do Canal Rural, que prontamente contou com o apoio das principais entidades e órgãos ligados ao agronegócio em SC, serviu para mostrar ao vivo, ao Brasil e até ao exterior, o dilema que nosso Estado vem enfrentando por deter um parque agroindustrial de vanguarda e expressão de qualidade em nosso País. A crise do abastecimento de milho deve ter servido para que toda a cadeia produtiva fique atenta de que um ano pode ser diferente do outro e o comportamento conservador e pouco planejamento do setor, precisa ser revisto a cada safra. A transmissão ao vivo pelo Canal Rural e pela TV COOP/SC, oportunizou que todos os estados, onde o milho é matéria prima importante, acompanhassem e se manifestassem com seus questionamentos. Os palestrantes e debatedores, da mais alta patente e competência técnica ou política, foram incisivos em mostrar que estamos nessa situação de pagar caro pelo milho e ainda não dispor do produto, passa pela falta de planejamento não apenas do Governo Federal que é responsável pelo estoque regulador, como das agroindústrias e consumidores, que sempre apostaram que teriam milho a qualquer momento, e definirem os preços no mercado de acordo com suas conveniências. O descuido desse segmento em não estimular remuneração compatível com os custos de produção e a comparação com os produtos concorrentes, como a soja, levou a essa situação de ter que pagar o dobro do preço do ano passado e ainda não encontrar milho disponível no País. O Fórum colocou frente a frente, entidades de produtores, setor de armazenagem e comercialização; órgãos governamentais e políticos e consumidores do cereal, e cada um pode apresentar sua versão sobre momento. A conclusão não poderia ser outra senão reconhecer que houve falta de planejamento, incompetência governamental e ganância nas aquisições dos grãos que representam 70 por cento dos custos de produção para a matéria prima que garante a continuidade do processo agroindustrial, esquecendo que o plantador de milho também precisa ganhar para poder plantar. O ponto negativo do evento foi a falta de compreensão do ministro da Agricultura, para um assunto de vital importância do momento, para a região sul do País. Não compareceu, nem mandou representante ao Fórum, apenas a Conab, que fez questão de dizer que veio por iniciativa própria por fazer parte do processo, mas não por designação ministerial. De outra parte, há que se lamentar também a falta de participação dos deputados federais, apesar dos insistentes convites, justo eles que estando em Brasília poderiam ajudar a sensibilizar o governo na parte que lhe cabe. Perdeu quem não participou, pois além do elevado nível dos debates e conhecimentos socializados pela TV, a projeção do nosso Estado e dos assuntos discutidos irá ser creditado a quem participou, quem apoiou, patrocinou e que entendeu que agronegócio de SC está em crise, e precisa da união de todos, e o setor produtivo estava lá. Pense nisso.