Cepea
O ano de 2016 foi desafiador para a suinocultura brasileira, segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Ainda que as exportações brasileiras de carne suína tenham registrado volumes recordes – e agentes esperam resultados ainda melhores neste ano –, o mercado doméstico enfraquecido limitou o desempenho do setor. Além disso, o significativo aumento nos custos de produção, devido, especialmente, ao patamar recorde do milho, também prejudicou fortemente a produção suinícola.
A crise econômica brasileira diminuiu o poder de compra da população, que restringiu o consumo, de maneira geral. Apesar de mais competitiva frente às concorrentes bovina e de frango, a carne suína não é a preferida do consumidor brasileiro, que, em momentos de crises, muitas vezes opta pelos cortes bovinos de segunda e carne de aves.
Na maior parte do ano, especialmente no primeiro semestre, o aumento nos custos esteve muito superior ao verificado nos preços dos animais vivos e da carne. Em dezembro/16, a situação esteve um pouco mais favorável ao suinocultor. O preço médio da saca de 60 kg do milho, de R$ 37,84, esteve 8,79% acima do de dezembro/15, em termos nominais, na região de Campinas (SP). Para o animal vivo negociado na região de SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), a média de dezembro foi de R$ 4,52/kg, superando em 7,89% a de dez/15, Quanto à carne, o preço médio da carcaça especial negociada no atacado da Grande São Paulo foi de R$ 7,11/kg no último mês de 2016, aumento nominal de 10,06% frente à média do mesmo mês de 2015.
Os custos de produção animal aumentaram consideravelmente em 2016, especialmente por conta das altas cotações do milho. Segundo a Equipe Grãos/Cepea, a saca de 60 kg do cereal atingiu média de R$ 53,36 em junho, na região de Campinas, patamar recorde e que prejudicou produtores e agroindústrias integradoras. Essa alta esteve atrelada à quebra de safra nacional e ao forte ritmo das exportações do milho no primeiro semestre. De janeiro a junho, o Brasil exportou 12,3 milhões de toneladas do cereal, bem acima das 5,3 milhões de toneladas embarcadas no mesmo período de 2015.
No segundo semestre, a solução de agroindústrias e cooperativas foi a importação do milho, especialmente de países vizinhos como Argentina e Paraguai. De julho a novembro, as compras do Brasil somaram 1,92 milhão de toneladas, sendo 929 mil toneladas do cereal argentino e 991 mil toneladas, paraguaio. Em novembro, as importações atingiram recorde, de 547 mil toneladas.
Nesse cenário, suinocultores e integradoras reduziram o alojamento de animais, especialmente os produtores independentes que estavam descapitalizados com os preços baixos recebidos pelo vivo. Dados do Mapa apontam que o abate de matrizes cresceu 18% em frigoríficos com SIF (Sistema de Inspeção Federal) no primeiro semestre de 2016 em relação aos seis primeiros meses de 2015. O pico de abates dentro do SIF ocorreu em março/16, de 33,1 mil fêmeas, se mantendo elevado nos meses seguintes.
EXPORTAÇÕES – As exportações brasileiras atingiram volumes recordes em 2016, ajudando a enxugar a oferta doméstica. De janeiro a dezembro, foram embarcadas 628,7 mil toneladas de carne suína in natura, quantidade 33% maior que a do mesmo período de 2015. A receita arrecadada foi de US$ 1,3 bilhão no acumulado deste ano, 15,5% a mais que no mesmo período de 2015. Em Real, o aumento foi de 17,6%, totalizando R$ 4,6 bilhões até dezembro de 2016.
O destaque no ano foi a China, que adquiriu 81,8 mil toneladas da carne brasileira, 76,6 mil a mais que em todo 2015. A produção chinesa de suínos vinha recuando e inflacionando os preços da carne naquele mercado, o que fez com que o país asiático aumentasse as importações, inclusive do produto brasileiro.