A sustentabilidade tem se tornado um conceito tangível na
suinocultura brasileira. E, ao contrário do que muitos imaginam, não é apenas
um movimento das grandes agroindústrias. Pequenas e médias granjas, espalhadas
por estados como Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais, vêm incorporando
tecnologias de manejo de dejetos, uso racional da água e geração de energia
limpa — soluções que já transformam o modo de produzir proteína animal no país.
Essas iniciativas vêm ganhando reconhecimento público por meio do Troféu
Curuca, premiação promovida pela Revista Feed&Food que valoriza projetos
com impacto positivo em sustentabilidade, inovação e bem-estar animal. Nas
edições mais recentes, diversos produtores e cooperativas foram destaque
justamente por demonstrarem que práticas sustentáveis são possíveis em qualquer
escala de produção.
Energia limpa a partir dos dejetos
Entre os exemplos que inspiram o setor estão os projetos de
biodigestores rurais. A tecnologia, já difundida em estados do Sul, permite
transformar o resíduo dos suínos em energia e biofertilizantes, diminuindo
emissões de metano e o uso de adubos químicos. Segundo dados da Embrapa Suínos
e Aves, o biogás gerado em uma granja de 500 matrizes é suficiente para
abastecer toda a demanda elétrica da propriedade, além de fornecer calor para
aquecimento de água e ambiência.
Iniciativas como essas, implantadas por cooperativas como a Aurora Coop e o
Sistema Cresol, tornaram-se referência nacional. Em muitos casos, as
experiências reconhecidas pelo Troféu Curuca passam a ser replicadas por outras
granjas, impulsionando um efeito multiplicador de boas práticas no campo.
Água reaproveitada e eficiência hídrica
O uso consciente da água é outro eixo de inovação. Programas
de manejo hídrico orientados pela Embrapa e pelo Instituto de Desenvolvimento
Rural do Paraná (IDR-PR) têm auxiliado produtores a instalar sistemas de
separação e tratamento de águas residuárias, permitindo o reaproveitamento em
atividades de limpeza e irrigação.
Em granjas paranaenses monitoradas pelo IDR-PR, o reúso permitiu reduzir o
consumo de água em até 35%, mantendo a eficiência sanitária. Para os
produtores, o resultado é duplamente positivo: menor custo operacional e maior
conformidade ambiental — um diferencial competitivo cada vez mais valorizado
pelos frigoríficos e pela sociedade. Tecnologia e cooperação: o caminho da
escala
O sucesso dessas práticas depende tanto de tecnologia quanto
de cooperação. Muitos pequenos produtores têm acesso às inovações por meio de
programas de extensão rural e de parcerias com cooperativas. Essa rede técnica
e financeira reduz barreiras de investimento e garante orientação especializada
para o manejo ambiental. Segundo a Embrapa, os biodigestores rurais, quando bem
dimensionados, têm retorno econômico médio em três a cinco anos — especialmente
quando combinados à venda de energia excedente ou à substituição de
fertilizantes químicos por biofertilizantes.
Esses resultados explicam por que os projetos de
sustentabilidade têm ocupado posição central no Troféu Curuca. Mais do que
premiar boas ideias, o reconhecimento amplia o alcance das soluções, legitima o
esforço de quem está no campo e inspira novos produtores a seguir o mesmo
caminho.
O prêmio que transforma exemplos em movimento
O Troféu Curuca, promovido pelo Portal Feed&Food, foi
criado para destacar iniciativas de impacto positivo no agronegócio — e, na
suinocultura, tornou-se símbolo da transição para uma produção mais limpa e
eficiente. As experiências reconhecidas pelo prêmio demonstram que
sustentabilidade e rentabilidade podem caminhar juntas, mesmo em sistemas
familiares.
Durante o SIAVS 2026, o Troféu Curuca volta a celebrar as
práticas que estão redefinindo o futuro da proteína animal no Brasil. Ao dar
visibilidade a histórias reais e resultados concretos, a premiação reafirma um
princípio essencial: a sustentabilidade não é apenas um valor — é um legado
construído por quem acredita que cada granja pode ser parte da solução.