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O mercado internacional da soja, nesta terça-feira (4), devolve parte das boas altas registrada no pregão anterior de mais de 20 pontos. Assim, por volta de 7h45 (horário de Brasília), as posições mais negociadas da oleaginosa cediam pouco mais de 3 pontos, mas ainda o vencimento maio/17 se mantinha acima dos US$ 9,80 por bushel.
Apesar de estar bem suportado pela demanda forte e intensa do momento, o avanço da colheita nos Estados Unidos ainda pesa sobre os preços na Bolsa de Chicago e no final da tarde desta segunda (3), o USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) trouxe números acima das expectativas sobre os trabalhos de campo. Em uma semana, a colheita evoluiu de 10% para 26% da área, enquanto os traders apostavam em 23% de área colhida. O número ainda fica bem abaixo dos 36% de 2015, mas ligeiramente aquém da média dos últimos cinco anos de 27%.
Ainda assim, analistas afirmam que o mercado segue buscando uma direção melhor definida já que vê fundamentos divergentes, uma vez que os relatos de produtividade indicam a melhor média da história nesta safra, enquanto o consumo do produto norte-americano vem crescendo e se intensificando, o que poderia mudar o quadro dos estoques no país, ainda segundo analistas e consultores.
"Em somente um mês do ano comercial 2016/17, o acumulado dos embarques norte-americanos de soja já chega a 3,4 milhões de toneladas e supera em 136% o registrado no mesmo período da temporada anterior", informou, em nota, a internacional Benson Quinn Commodities.
Veja como fechou o mercado nesta segunda-feira:
Soja: Mercado tem força da demanda nesta 2ª feira e fecha com boas altas em Chicago
Na sessão desta segunda-feira (3), o mercado internacional da soja ganhou força no início da tarde, manteve-se em campo positivo e fechou o dia com altas de quase 20 pontos nos principais contratos negociados na Bolsa de Chicago. Dessa forma, os vencimentos que servem como indicativos para a safra dos EUA e do Brasil - novembro/16 e maio/17 - terminaram o dia com avanços de, respectivamente, 19 e 18,50 pontos, valendo US$ 9,73 e US$ 9,90 por bushel.
A demanda foi o ponto forte deste pregão e continua sendo, como explicam analistas e consultores de mercado, o mais importante fator de suporte para os futuros da oleaginosa. "A demanda está extremamente agressiva e deverá continuar assim", explica o consultor Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios.
Assim, os números fortes dos embarques semanais norte-americanos de soja em grão divulgados nesta segunda-feira pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) foram imediatamente refletidos em Chicago. Na semana encerrada em 29 de setembro, os americanos embarcaram 1.104,196 milhão de toneladas, um volume bastante superior ao da semana anterior, de apenas 386,034 mil toneladas. O total, apesar disso, ficou dentro das expectativas do mercado de 900 mil a 1,2 milhão de toneladas.
Ainda sobre a demanda, o consultor de mercado Flávio França Junior, da França Junior Consultoria, chama a atenção para os estoques da oleaginosa. "Mesmo com a safra norte-americana sendo muito grande, os estoques não sobem tanto, não está sobrando soja, o consumo é muito grande", diz. Na última sexta, números também trazidos pelo USDA mostraram que os estoques trimestrais dos EUA em 1º de setembro ficaram em 5,3 milhões de toneladas, ligeiramente abaixo das 5,5 milhões da média das expectativas do mercado.
Nesta semana, porém, exige atenção ainda a China fora do mercado já que as operações no país estão suspensas em função de um novo feriado nesta semana. Assim, mesmo que momentaneamente, a força trazida pela demanda poderia ficar ligeiramente comprometida, mas não de fora do radar dos traders. Na próxima quinta, afinal, chega o novo reporte do departamento norte-americano sobre as vendas para exportação.
Na outra ponta, o mercado acompanha ainda a conclusão da safra 2016/17 dos Estados Unidos. De acordo com informações de agências internacionais, a semana poderá ser de clima mais chuvoso no Meio-Oeste americano, segundo as últimas previsões, podendo atrapalhar novamente os trabalhos de colheita por lá. Há ainda, como suporte para os preços, a comercialização que pouco evolui nos EUA - com os produtores aguardando por preços mais atrativos - e os fundos investidores também atuando com mais calma neste início da semana e do quarto trimestre do ano.
Paralelamente, o plantio da nova safra do Brasil vai, aos poucos, ganhando terreno nas negociações em Chicago. Para Ênio Fernandes, esse deverá passar a ser o foco do mercado em mais, aproximadamente, 10 dias. Os trabalhos de campo parecem ainda se comportar de forma irregular nos principais estados produtores, uma vez que as chuvas também estavam irregulares.
Uma estimativa da AgRural mostra que cerca de 5% da área estimada para a safra 2016/17 já havia sido plantada, contra 3% do mesmo período do ano passado.
Mercado Brasileiro
No Brasil, apesar da baixa expressiva do dólar de 1,41% - o que levou a moeda a registrar, segundo a Reuters, seu menor patamar desde agosto em R$ 3,2057 - as boas altas em Chicago permitiram o avanço das cotações da soja em algumas praças de comercialização. Nos portos, os preços também subiram.
Em Ubiratã e Londrina, no Paraná, os ganhos passaram de 1% para a saca ser cotada a R$ 67,00, no Oeste da Bahia ganho de 1,22% para R$ 66,13 ou em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, em Mato Grosso, onde os valores subiram 2,86% para R$ 72,00 por saca. No porto de Paranaguá, alta de 1,32% no disponível e de 0,39% no mercado futuro, para R$ 77,00 e R$ 77,30, respectivamente.
Apesar dos ganhos recentes, as fixações da safra nova de soja estão paradas em todo o Brasil. Os atuais preços são bem mais baixos do que os que serviram de referência para os negócios realizados há alguns meses e, por isso, bem pouco atrativos para que novos negócios possam ser efetivados.