O mercado da soja veio trabalhando durante toda a semana em campo negativo, com ligeiras baixas, acentou o recuo nesta sexta-feira e fechou a semana em queda na Bolsa de Chicago. Com um acúmulo de fatores, as cotações foram perdendo força com o passar dos dias e chegaram até mesmo a perder o patamar dos US$ 9,00 por bushel nos primeiros vencimentos.
Como explicou o diretor da ARC Mercosul, Matheus Pereira, a proximidade do final do ano, os gestores com a necessidade de fechar bons posicionamentos e de garantir sua contabilidade saem do mercado, liquidam parte de suas posições e ajudam a pressionar o mercado.
Da mesma forma, a demanda chinesa fraca veio, nos últimos dias, frustrando o mercado e também pesando sobre os preços, uma vez que os traders esperavam por volumes bem maiores sendo adquiridos pelos chineses no mercado norte-americano. Estatais da nação asiática informaram algumas compras nos EUA, porém, as quantidades totais ficaram aquém do esperado pós-trégua firmada entre Donald Trump e Xi Jinping.
As novidades sobre o assunto são poucas e os traders esperam agora, e ainda, pelos próximos movimentos tanto dos EUA, quanto da China, em meio a essa guerra comercial que continua em curso. Porém, o mercado se mostra bastante cansado das especulações e de boatos que não se confirmam.
Ao mesmo tempo, ainda como explica Pereira, o mercado também se atenta à nova safra de soja do Brasil, porém, especula sobre uma possibilidade de melhora no clima em algumas áreas que sofrem com adversidades nos próximos dias, como Paraná e o Mato Grosso do Sul, por exemplo.
Começa neste 21 de dezembro o verão no Brasil e as condições para estes primeiros dias da nova estação ainda não são as mais adequadas para as regiões produtoras de soja do país, especialmente no Paraná, onde a situação é mais crítica.
Segundo explica Mamedes Luiz Melo, meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), as chuvas entre a véspera e o Natal no estado paranaense serão volumosas, generalizadass, porém, de passagem muito rápida.
"Boas chuvas devem acontecer entre 23 e 25 de dezembro, mas a partir de 26 já começam a ser aquelas chuvas típicas de verão, acontecendo de um lado, não acontecendo de outro. E no dia 28 deve dar uma nova parada, mas na sequência, uma nova frente fria vinda da Argentina traz novas chuvas", diz Melo.
No entanto, apesar da chegada dessas chuvas - que deverão ser realmente rápidas - a situação para a nova safra do Brasil é bastante preocupante.
As adversidades climáticas vão cada vez mais preocupando os produtores brasileiros de soja nesta safra 2018/19. Há problemas de seca no Paraná, Sul de Mato Grosso do Sul, Goiás e partes de Mato Grosso, enquanto outros pontos do Brasil sofrem pelo excesso de umidade. Fato é que a nova temporada tem perdido potencial produtivo diariamente e, segundo relatos de produtores e especialistas, o volume inicialmente projetado não deverá ser alcançado.
Mercado Brasileiro
No Brasil, os preços da soja no interior do Brasil acompanharam as baixas de Chicago e também recuaram. Apesar de pontuais, as perdas chegaram a 5,15%, como foi o caso do Oeste da Bahia, onde o último preço foi de R$ 64,50 por saca.
Nos portos, as baixas mais expressivas foram registradas em Rio Grande, onde o spot fechou o dia com R$ 77,30, caindo 0,90% e o fevereiro em R$ 77,00, com queda de 1,03%. Em Paranaguá, fevereiro a R$ 79,00, estável.