Ascom Aprosoja
A produtividade média da última safra de soja em Mato Grosso foi de 49 sacas por hectare, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Um produtor de Campos de Júlio, no entanto, alcançou 100,63 sacas por hectare em um talhão de dois hectares e meio. Em outros 123 hectares, a média chegou a 92 sacas por hectare.
Com o número, Elton Zanella sagrou-se campeão da Região Centro-Oeste do Desafio Máxima Produtividade do Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb). A premiação está em sua oitava edição e é a primeira vez que Mato Grosso sobe ao pódio.
Para chegar ao resultado, Elton, que faz parte da segunda geração da família em Mato Grosso, relembra um passado cheio de desafios. "Somos de Água Fria, em Santa Catarina. Meu pai tinha transportadora e era motorista de caminhão. Nas viagens, visitava muitas lavouras. Em 1983, resolveu comprar 7.000 hectares onde hoje é Campos de Júlio. Com o meu tio, começou em 1986 a plantar soja e arroz", diz.
Abaixo, os pilares que levaram a propriedade a vencer o Desafio:
Plantio direto - “Na época, chamaram meu pai de louco. E claro, no processo, veio a vontade de abandonar tudo e voltar para o Sul. Eram muitos desafios, principalmente no que diz respeito ao clima e à produção. Mas acreditamos sempre e meu pai e meu tio investiram muito na área, em adubação". O principal ponto, no entanto, ele destaca, foi o investimento no plantio direto. "Fazemos plantio direto há 20 anos e somos os precursores do método na cidade e, talvez, no Estado”.
Conhecimento técnico - No fim da década de 1980, a produtividade nos 500 hectares iniciais estava entre 30 a 40 sacas por hectare, um número agronomicamente alto para o período. De lá para cá, buscar conhecimento sempre foi o diferencial da família.
“Quem conduz a fazenda, além de mim, é o também administrador e técnico agrícola Marcos Adriano, mas o que sempre fizemos foi buscar informação de fora. Eu gosto de correr atrás, ver o que tem de bom e agregar aqui. Nós, por exemplo, não queremos expandir a área em que produzimos hoje, mas sim a produtividade. E isso é possível”, afirma Elton.
Rotação de culturas - “Me perguntam a que se deve a produtividade que alcançamos. E falo: solo. Invista no solo, não em adubação, mas na correção, no perfil de solo, na palhada, em rotacionar culturas. Sempre rotacionamos os talhões”.
Atualmente, a propriedade produz feijão, milho pipoca, milho branco, milho amarelo, soja e arroz. Além disso, há sistema integrado de braquiária com milho e de crotalária com milho. “Partimos da premissa de trabalhar com variedade e também conhecer o solo. Falo isso porque cada talhão tem suas especificidades, tipo de nematoides, graus diferentes de fertilidade e isso tudo precisa ser levado em conta”.
Tecnologia - Questionado se é possível que os produtores de Mato Grosso atinjam produtividade igual à dele, Elton Zanella é taxativo: “O produtor precisa olhar para sua propriedade e entender que ela é um conjunto de fatores: é preciso fazer levantamento de solo, mapa de fertilidade, agricultura de precisão".
E conclui: "É preciso, também, trabalhar com ações preventivas, além das defensivas. É possível pegar o solo que tiver e transformá-lo. O solo de Mato Grosso é rico, basta acreditar”, diz o produtor.