Soja: apesar do atraso para iniciar o plantio, produtores estão otimistas

SF Agro

A chuva chegou nas regiões produtoras de grãos e permitiu o início do plantio da safra de soja 2017/2018 em muitos municípios. Até a quinta-feira (28/09), segundo levantamento da consultoria AgRural, 1,5% da área de soja brasileira estava semeada. “Apesar do avanço razoável, o plantio segue atrasado na comparação com os 4,8% do ano passado e os 2,3% da média de cinco anos”, afirma a consultoria.

O Paraná lidera o plantio, com 7,3% da área de soja já plantada, mas o percentual está bem atrás dos 17% do mesmo período do ano passado. Em Mato Grosso, 1% da área prevista para a soja na safra 2017/2018 está semeada, contra 6,5% um ano atrás. Com as chuvas recentes e os novos volumes previstos para os próximos dias, o plantio deve ganhar força em boa parte do Sul e do Centro-Oeste.

Plantio em Mato Grosso
O produtor Gilberto Eberhardt, de Lucas do Rio Verde (MT), começou o plantio de soja da safra 2017/2018 na quinta-feira (28/09). Ele cultiva soja em 510 hectares, na Fazenda Recanto.

Cauteloso, ele esperou a chegada da chuva para começar as atividades de campo com segurança. “Na região de Lucas do Rio Verde choveu muito bem, de 60 a 90 milímetros”, diz o sojicultor. Geralmente, o plantio nas propriedades do município começa no dia 15 de setembro, mas a baixa umidade atrasou os trabalhos de campo em mais de 10 dias.

Se o tempo continuar favorecendo o município mato-grossense, Eberhardt planeja encerrar a semeadura antes do dia 20 de outubro. “Pelas previsões do clima, eu estou achando que vai ser uma safra excelente. Eu fiz um investimento em calcário e estou fazendo uma adubação mais elevada para melhorar a produtividade”, conta Eberhardt.

Na safra 2016/2017, a produtividade na Fazenda Recanto ficou na casa das 58 sacas de soja por hectare. Para a temporada atual, a meta é produzir acima de 60 sacas de soja por hectare. “Estão falando em veranico, então a gente trabalha com muita cautela”, diz o produtor. Enquanto alguns produtores se preocupam com o replantio, ele está tranquilo. “Eu planto com umidade de dois dias de chuva e segurança para germinar e dar vigor na planta”, afirma Eberhardt. De olho no clima e com planejamento, ele conta que em 28 anos atuando como agricultor ele nunca precisou replantar nenhuma área.

Comercialização da soja
De acordo com Eberhardt, as negociações dos contratos futuros de soja estão atrasadas neste ano. Enquanto no mesmo período de 2016 o produtor havia comercializado 70% da produção no mercado futuro, neste ano ele só tem 15% dos negócios fechados. “O preço está bem ruim e sem expectativa de melhoras”, conta.

O grupo Rocheto, que cultiva batata, soja e milho em fazendas localizadas em Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso, também se prepara para iniciar o plantio e enfrentar preços considerados baixos.

De acordo com Isidro Velasco, gerente administrativo-financeiro do Grupo Rocheto, a empresa vai iniciar o plantio da soja em outubro, com 41.600 hectares de soja em Mato Grosso, 5.700 hectares em Minas Gerais e 2.200 hectares para o cultivo da oleaginosa em São Paulo. “Com o clima neutro, acredito que as coisas vão fluir bem durante a safra. Mas, eu particularmente acho que o preço [para a soja] não vai ser bom”, diz.

Segundo ele, o preço baixo será influenciado especialmente pelo câmbio desfavorável para o produtor brasileiro. “O ideal seria a gente ter dólar em R$ 3,50, mas acredito que o câmbio vai ficar em torno de R$ 3,20 [durante a safra 2017/2018]”, diz.

Pragas e doenças
Em Mato Grosso, produtores que iniciaram o plantio já relatam problemas com pragas. De acordo com Gilberto Eberhardt, algumas propriedades da região de Lucas do Rio Verde, que começaram o plantio há mais de 10 dias em áreas irrigadas, estão registrando alta incidência de mosca branca. “No ano passado, a incidência começou no dia 20 de outubro, esse ano começou muito cedo. Essa é a preocupação de todo mundo hoje”, diz Eberhardt.

Na safra 2016/2017, os produtores de Lucas do Rio Verde registraram ocorrência de mosca branca nas lavouras, mas com o manejo bem feito o problema foi controlado. Neste ano, os sojicultores da região estão com um projeto de conscientização e monitoramento para não deixar a mosca branca se espalhar.

A união faz a força
Segundo Eberhardt, a ideia é fazer grupos de 30 ou 40 produtores que são vizinhos para que a aplicação de defensivos seja feita em conjunto e o controle seja eficaz, tanto para a mosca como para percevejos. Se isso não for feito, a preocupação do produtor é que daqui a um mês a situação fuja do controle e aumente os custos de produção.

Safra brasileira de soja
Na mais recente estimativa de área e produção para a safra 2017/2018 de soja da consultoria AgRural, a previsão de área plantada teve um pequeno ajuste positivo e agora é calculada em 34,563 milhões de hectares, com aumento anual de 654 mil hectares, ou 1,9%. A produção, baseada por enquanto em linha de tendência de produtividade e sem considerar, ainda, eventuais impactos do clima sobre o desenvolvimento das lavouras, é estimada em 109,9 milhões de toneladas, com queda anual de 3,7%.



Data da Notícia: 04/10/2017
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