O agravamento das
deficiências infraestruturais e logísticas de Santa Catarina está determinando
a fuga de investimentos das agroindústrias. Esse fato deveria acender o sinal
de alerta para o Governo na avaliação do presidente do Sindicato das Indústrias
da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne), José Antonio Ribas Júnior.
Ao fazer uma avaliação do ano recém-encerrado e formular previsões para
2024 no âmbito do agronegócio – e em especial na esfera das agroindústrias da
proteína animal – o dirigente manifestou preocupação com a deteriorização da
infraestrutura: “Chegamos a
um ponto em que agora, de fato, os investimentos não ficarão mais
A preocupação do Sindicarne e do empresariado é que as deficiências
logísticas estão afetando a competitividade do agronegócio catarinense,
especialmente no que se refere às condições das rodovias, portos, aeroportos e
ferrovias. “A gente enxerga
um futuro que, no máximo, levará Santa Catarina a manter o tamanho que tem e
não mais observar crescimentos de produção, porque não consegue ter mais
competitividade que seja atrativa para novos investimentos.”
Ribas adverte que as deficiências infraestruturais precisam ser atacadas
com um grande plano de investimentos para evitar a fuga das agroindústrias. “A
logística afeta diretamente o preço pago pelo consumidor final. É importante
que as pessoas saibam disto. Rodovias ruins, tráfego de longo percurso com
veículos de carga, carência de infraestrutura aeroportuária e praticamente
inexistência do modal ferroviário no Brasil aumentam o custo dos produtos e a
produtividade das empresas.”
GIGANTE
Para Ribas Júnior “só quem não conhece
a dimensão do agronegócio em geral e da agroindústria catarinense, em
particular, pode ignorar a gravidade da situação”. O agronegócio catarinense representa 31%
do PIB estadual e contribui com 70% das exportações. Santa Catarina é o maior
produtor brasileiro de suínos e detém a vice-liderança na produção de aves.
Ancorado no grande oeste catarinense, o parque agroindustrial sustenta 60.000
empregos diretos e 480.000 indiretos.. Em 2022 os investimentos diretos totalizaram
R$ 5 bilhões e a geração de movimento econômico chegou a R$ 7 bilhões –
dinheiro que irriga a economia de centenas de municípios catarinenses.
Depois de realçar que Santa
Catarina é um estado rico com a excelência na produção de proteína de aves e
suínos, liderança em exportações, as melhores certificações, os melhores
mercados atendidos, lamentou que o estado sofra com absoluto descaso no
investimento em estrutura logística. “Nossas rodovias estão em péssimas
condições de conservação, de trafegabilidade, e continuamos andando de lado, na
melhor das hipóteses, em relação a termos uma ferrovia, e com os nossos portos
aí enfrentando dificuldades”. O Porto de Itajaí não está operando e as
condições climáticas determinam, com certa frequência, o fechamento temporário
dos outros portos.
Ribas defende um plano de Estado no horizonte de 50 anos “para virar o
jogo do desenvolvimento nacional e melhorarmos a competitividade no mercado
externo e, assim, menores preços no
mercado interno”. Lembra que o agronegócio catarinense está reivindicando há
mais de 30 anos a construção de Ferrovias. Uma, ligando o oeste de SC ao
centro-oeste brasileiro para a busca de milho; outra, ligando o oeste de SC com
o litoral catarinense para acesso aos portos.
O modal ferroviário, comprovadamente, possui menores custos ao
rodoviário, quando o trajeto for superior aos
Para apoiar e agilizar a campanha, oito
entidades empresariais criaram o Movimento Pró-Ferrovias – Sindicarne/Acav,
Faesc, Fiesc, Ocesc, Acic, ABPA, Centro Empresarial e Facisc – abraçado pelo
Governo do Estado. A ferrovia é uma
solução, porque o modal rodoviário de longa distância está se tornando
inviável. Além disso, nos últimos 10 anos a média de emissão de novas carteiras
de motoristas profissionais de carga caiu em 22% e a idade média desses
profissionais subiu para 53 anos. O presidente do Sindicarne teme que “se não agirmos
rapidamente, o Brasil terá um colapso logístico por falta de mão de obra e/ou
elevação de custos”.