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O aumento nas tarifas de energia elétrica vem causando preocupação aos avicultores paranaenses, que dependem diariamente do funcionamento de equipamentos elétricos em seus aviários para garantir a produção. A evolução da tecnologia tem melhorado os índices zootécnicos na produção avícola, porém o investimento é alto e a maioria dos equipamentos depende da energia elétrica.
Quanto mais fechado o galpão maior é o gasto de energia, o que mais consome é o aviário “dark house” devido aos sistemas de iluminação e ventilação. O galpão com pressão negativa necessita de sistemas para ventilação. Essa combinação de investimento em tecnologia e custo de energia elétrica interfere diretamente na rentabilidade da produção e vem sobrecarregando o bolso do avicultor nos últimos anos.
Para avaliar melhor as dimensões desse impacto vale analisar o modelo de aviário comumente instalado na região Sudoeste do Paraná, que possui o 4° maior efetivo total de galináceos no estado segundo dados do IBGE. O modelo possui 100 metros de comprimento por 12 metros de largura, sistema de pressão negativa e basicamente conta com comedouros automáticos, bebedouros tipo Nipple, seis exaustores e nebulização de média pressão além do painel de controle. Esse aviário consome aproximadamente 2150 kWh por lote de frango produzido em condições de normalidade.
Na região Sudoeste, o levantamento dos custos de produção realizado pela Federação da Agricultura do Estado do Paraná-FAEP em abril desse ano revelou aumento de 5,25% no custo variável e 7,46% no custo total de produção em relação a maio de 2014. Entre os itens que compõem o custo total a energia elétrica garantiu a liderança no ranking dos maiores reajustes. Em 2014 a energia representou 5,52% do custo total de produção e saltou para 8,59% em 2015, registrando aumento de 3,07%.
Em função da alta demanda e da baixa ampliação da oferta de energia elétrica, seu preço tem crescido acima da inflação, segundo informações da Embrapa. Analisando separadamente a energia elétrica, houve aumento de 67,10% nas faturas rurais analisadas no período de dezembro de 2014 a maio desse ano.
De acordo com a COPEL, nesse período o valor médio do kWh rural (sem ICMS) passou de R$ 0,176 para R$ 0,294, registrando aumento de R$ 0,118 por kWh. Sendo assim, o aviário modelo da região Sudoeste sofreu aumento de R$ 254,67 na fatura de energia elétrica, passando de R$ 379,55 em dezembro de 2014 para R$ 634,22 em maio desse ano.
As simulações foram realizadas com base na tarifa de energia rural noturna, alíquotas de consumidores localizados em área rural e valores da bandeira vermelha. Produtores rurais que se encontram devidamente cadastrados no Programa de Energia Rural Noturna possuem tarifas com valores reduzidos no período noturno.
Em relação ao aviário modelo desse estudo o valor do kWh diurno em maio desse ano foi de R$ 0,346 e o noturno de R$ 0,173, média de R$ 0,294 por kWh. Além do alto custo o produtor sofre com falhas na transmissão ou até mesmo interrupções no fornecimento da energia elétrica. Conforme mencionado anteriormente, o avanço da tecnologia proporcionou modelos de aviários que favorecem conforto térmico às aves e facilitam o manejo do galpão. Entretanto, a infraestrutura das linhas de transmissão da energia necessária para manter esse aumento da produção não acompanhou a ascensão da avicultura paranaense.
As quedas na transmissão de energia elétrica elevam a taxa de mortalidade das aves e geram gastos com alternativas para manter o funcionamento dos galpões, causando aumentos consideráveis nos custos de produção. Aviários que contam com geradores de energia garantem a continuidade da produção, porém os custos sobem radicalmente, com o valor de aquisição e custo para o funcionamento do gerador a diesel.
Com todas as dificuldades, é notório o empenho dos produtores rurais e agroindústrias para manter o ritmo de crescimento acelerado. Segundo o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) o Paraná cresceu quatro vezes mais em relação à média brasileira em 2014. Porém, os reajustes na energia elétrica vêm causando impactos negativos ao produtor.