Zero Hora
A abertura de uma das mais importantes feiras do agronegócio brasileiro, a Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), evidenciou o ânimo do setor com relação ao momento vivido pelo país. Embora a ordem fosse focar os discursos no que vem pela frente, não fazendo menção à crise política, implicitamente a preocupação com a paralisia causada pelo processo de impeachment apareceu. No centro das atenções está o Plano Safra, que costuma ser divulgado no início de junho. O maior temor não é nem com o conteúdo do pacote deste ano, que já está todo ajustado, mas com a chancela efetiva do que foi acertado. E com a proposta do ano que vem, em um eventual cenário de mudança de governo e ajuste fiscal. Nesse caso, crescem as especulações de que as pastas voltadas ao setor primário — Agricultura e Desenvolvimento Agrário — sejam unificadas. O único representante do governo federal presente na Agrishow era o ministro da Defesa, Aldo Rebelo. A titular da Agricultura, Kátia Abreu, não foi. Aliás, ela foi alvo de críticas por parte de ruralistas.
Presidente da Frente Parlamentar da Indústria de Máquinas, o deputado Jerônimo Goergen foi um dos que discursou ontem. Para tentar frear o clima de insegurança, diz que deve protocolar hoje projeto de lei que estabelece um cronograma de apresentação do Plano Safra. Nos corredores da feira, já se trabalha com a perspectiva de que haverá mudança de governo.
Sem citar nominalmente a presidente Dilma Rousseff, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou que “estamos virando uma página do país”. Resta saber, agora, como isso baterá nos negócios da feira, que espera repetir o resultado de R$ 1,9 bilhão do ano passado, nos próximos quatro dias.