Schwartsman destaca necessidade de reformas para retomar crescimento

Suinocultura Industrial

O renomado economista Alexandre Schwartsman defendeu que reformas fiscais e da previdência são indispensáveis para a retomada da economia, agora há pouco, na abertura do 2º dia do Seminário Internacional de Suinocultura – Agroceres PIC.
Segundo o especialista que foi diretor do Banco Central, o Brasil está passando por uma situação praticamente inédita, causada uma conjunção de causas. “O desequilíbrio das contas públicas vem de muito tempo e foi muito agravado por decisões equivocadas, a partir do 1º governo Dilma”, resume.

Tais decisões, prosseguiu, levaram para o aumento do desiquilíbrio das contas públicas, inflação, dívida, déficits externos e aumento do juros, bem como agravamento do quadro político para o governo deposto.

“A única vez que o Brasil viveu dois anos de tanta recessão foi na década de 1930. Mas o problema não é do governo passado, é uma construção da nossa sociedade: um estado que gasta muito. Ainda mais nos últimos anos, quando o gasto chegou a 20% do PIB”, analisa.

O crescimento da economia brasileira entre 2003 e 2010 foi amparado na ampliação da população empregada e na oferta de crédito. Este modelo se esgotou a partir de 2011 e 2012 e desencadeou uma grande crise em 2015.

“O ciclo de expansão da economia reduziu o desemprego (- 0,2% a cada + 1% de PIB) mas, sem qualificação, a produtividade começou a perder fôlego (produto por hora trabalhada ou custo unitário do trabalho)”, explica.

E o governo manteve a política chamada “nova matriz econômica” com a noção equivocada de que o gasto do governo estimularia a economia. “Para se ter ideia, o crédito do BNDES era algo como 5,5% ou 6% do PIB e vai a quase 12%. O governo pagando taxas de mercado e emprestando mais barato”, cita.

Com o governo cada vez mais endividado (de 50% para 70% do PIB), o investimento e a poupança começaram a cair. Este quadro cria uma aceleração da inflação que aumenta a desconfiança do mercado nacional e internacional, elevando o risco do país.

Assim, o aspecto positivo do baixo desemprego ao redor de 6,5% se deteriorou rapidamente e, em dois anos, chegou a 12%, já com uma inflação em dois quase dois dígitos e um quadro econômico sem perspectivas de melhora a curto prazo.

Coragem para reformas

As contas do governo são a base para a estabilidade econômica do país e a “fatura”, atualmente, é de cerca de R$ 200 bilhões. No entanto, a margem de manobra do orçamento federal é muito estreita, já que 90% dos valores estão comprometidos obrigatoriamente.

“No orçamento do governo, pode-se mexer em 1,8 ou 2% do PIB (9,5% do orçamento) e precisamos arrumar 3,5% do PIB para deixar de ter deficit. Então, precisamos necessariamente de reformas”, constata Schwartsman.

Mas, segundo o economista, é muito claro que o governo anterior não queria, não podia e não tinha força para fazer tais ajustes. “Lembro da reunião em que o BC propôs a correção de gastos do governo pela inflação e quem torpedeou a proposta foi a Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil”, cita o palestrante que fazia parte da equipe do Banco Central.

Com o novo governo foi retomada proposta similar, relembra o economista, a chamada PEC 241 e a discussão por outras reformas como a previdenciária. “A previdência consome cerca de 40% do orçamento do governo. Uma reforma é urgente”, diz.

No entanto, ele destaca também que, depois de cair muito, a economia começa a dar outros bons sinais, como na exportação, no agronegócio e alguns setores. De outro lado, o presidente Michel Temer também sinaliza para decisões positivas para a economia.

“O novo governo já elencou 34 propostas de concessão de infraestrutura, mostra disposição para tratar de temas impopulares e, pelo menos em princípio, não visa reeleição. Assim, pode implementar mudanças para longo prazo, que é o que precisamos”, finaliza.



Data da Notícia: 16/09/2016
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