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Embora os preços do milho estejam em queda no mercado internacional em função da previsão de uma boa safra nos Estados Unidos, os produtores catarinenses de suínos continuam enfrentando um grande drama em função do elevado custo do grão aqui no Estado. Por isso lideranças e produtores do setor participam de audiência pública hoje, às 9h, na Assembleia Legislativa, para que o Estado solicite ao Ministério da Fazenda a suspensão do PIS/Cofins para a importação do grão. Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, a ministra da Agricultura Kátia Abreu já encaminhou esse pleito para a pasta da Fazenda, mas, como há o problema político que envolve os ministros do PMDB, o temor de SC é que o assunto não receba a devida atenção.
Grandes agroindústrias de carnes estão importando o produto da Argentina por preço menor, enquanto produtores brasileiros estão exportando.Atualmente, o agricultor do Mato Grosso recebe R$ 23 ou R$ 24 por saca de milho, o frete até SC sai por R$ 20 e o produtor de Braço do Norte, por exemplo, paga R$ 54. O prejuízo por cabeça chega R$ 100, o que é insustentável, alerta o presidente da Regional Sul da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Adir Engel.
– A gente espera que o preço do cereal baixe daqui a 60 dias com a entrada da safrinha. Mas é muito tempo, especialmente para o produtor independente, que está descapitalizado. Ele tem um custo de produção de R$ 4,1 por quilo do animal vivo e está recebendo de R$ 3 a R$ 3,2 – explica Engel.
SC lidera a produção nacional de carne suína com cerca de 800 mil toneladas/ano. Conta com 8 mil produtores e 400 mil matrizes. Do total de matrizes, 80 mil estão com pecuaristas independentes, o que corresponde a 20% do total. Conforme Engel, esses produtores, que não contam com o fornecimento de milho por parte das agroindústrias, estão com mais dificuldades. Muitos poderão quebrar se não tiverem uma solução rápida.
A vinda de milho por ferrovia até Lages reduziria em R$ 6 o preço da saca, mas, como caiu uma ponte da linha férrea no Paraná, não será possível contar com essa alternativa em breve.Com déficit na oferta de milho, os segmentos de aves e suínos do Estado enfrentam esse sobe e desce do preço do grão. O último, em 2012, resultou na falência de uma série de empresas.