Sauditas oficializam fim de embargo à carne

DCI

Três anos após a suspensão de compras de carne bovina proveniente do Brasil por um caso atípico da doença vaca louca, a Arábia Saudita pôs fim ontem (9) ao embargo da proteína. O setor estima que o País tem potencial para exportar 50 mil toneladas aos árabes por ano, até US$ 200 milhões.

A medida foi oficializada pelo Ministério da Agricultura, durante reunião entre a líder da pasta, Kátia Abreu, e o CEO da Autoridade Saudita de Alimentos e Medicamentos (SFDA), Doutor Mohammed Al-Meshal, que assinaram um novo modelo de Certificado Sanitário Internacional, na capital Riade, e estava prevista desde outubro, conforme adiantou o DCI.

"A Arábia Saudita era um dos últimos países que nos faltava. O último será o Japão, onde deveremos abrir o mercado para nossa carne processada", informou a ministra por meio de nota.

De acordo com a pasta, o fim do embargo ao bovino brasileiro representa abertura de todos os países do Golfo, sendo Bahrein, Catar e Kuwait. Dados do Ministério indicam que, em 2014, somente a Arábia Saudita importou cerca de US$ 355 milhões do produto, o que equivale a quase 100 mil toneladas. "O valor representa 10% de tudo o que o Brasil exporta em carne bovina, que soma 1,1 milhão de toneladas anualmente", diz.

O presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Marcelo Nabih Sallum, destaca a ação da entidade na retomada das relações comerciais entre os países. Para ele, a reabertura de um tradicional mercado como o saudita é de fundamental relevância. "Claro que os frigoríficos brasileiros ainda precisam ocupar o espaço que hoje pertence a outros fornecedores. Mas o Brasil já mantém boas relações comerciais com a Arábia Saudita - com exportações de US$ 2,5 bilhões em produtos agropecuários. Investir no desenvolvimento do mercado árabe pode abrir novas fronteiras para o comércio exterior brasileiro", acrescentou o executivo.

Outros negócios

Kátia Abreu ainda afirmou que o próximo passo é expandir a venda de produtos brasileiros que já têm acesso ao mercado saudita e explorar novos itens, como frutas, mel e arroz. A perspectiva do governo árabe é reduzir a produção própria de grãos para evitar consumo de água na agricultura. "Já somos os maiores fornecedores de frango, café e açúcar da Arábia Saudita e agora teremos uma grande oportunidade de negócios para o Brasil, ao reforçar a venda de grãos para esse mercado", observou a ministra.

Em linha com o discurso de parceria, o CEO Mohammed Al-Meshal declarou que há uma dependência árabe por produtos agropecuários brasileiros. "A abertura do mercado de carnes é bom para o Brasil, mas também é muito bom para a Arábia e para nossa população", enfatizou em nota.

Cenário comercial

A retomada do comércio com os árabes vem em um momento em que o País busca ao menos a manutenção dos resultados de exportação obtidos no ano passado, após uma forte retração de 50% nos embarques para a Rússia só entre os meses de janeiro e agosto deste ano, em relação ao mesmo período de 2014, para cerca de 15 mil toneladas.

A avaliação foi dada pelo diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Fernando Sampaio, conforme publicado pelo DCI.

A última retomada importante foi a da China, que teve os embarques deste ano iniciados na segunda quinzena de junho. Em setembro, segundo a Abiec, os chineses já ocupavam a primeira posição no ranking mensal de exportações, com 16,19 mil toneladas, um faturamento médio de US$ 81,28 milhões, crescimento de 27% tanto em volume quanto em valor ante os resultados do país no mês anterior.

No entanto, o resultado mais recente para o acumulado do ano, divulgado em setembro pela associação, apontava para uma queda de 18% em faturamento, de US$ 4,3 bilhões, e recuo de 13% em volume, em 999 mil toneladas, contra o mesmo período de 2014. Hong Kong lidera as compras.



Data da Notícia: 10/11/2015
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