Agência de Notícias do Paraná
O ritmo da colheita está normal e os preços de venda da produção, mais elevados, animam o produtor. O Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento divulgou relatório mensal na sexta-feira (26/02), que aponta para uma produção em torno de 21,5 milhões de toneladas de grãos de verão, cerca de 3,6% menor em relação às estimativas iniciais, que eram de 22,3 milhões de toneladas.
Perdas - Para o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, as perdas em relação ao que vinha sendo estimado são normais diante do clima excessivamente chuvoso entre a primavera e o verão e que afetou o potencial produtivo das plantas. “O ideal seria que não tivéssemos perdas, mas contra o tempo há pouco a fazer”, disse o secretário.
Anos anteriores - Segundo Ortigara, em anos anteriores ocorreu o inverso. O clima muito seco e quente em janeiro e fevereiro prejudicou fortemente as lavouras de soja. “Este ano, apesar das chuvas, ainda teremos uma boa safra”, prevê.
Área colhida - Dos 5,8 milhões de hectares plantados com grãos no Paraná, já foram colhidos 2,9 milhões de hectares em lavouras de soja, que ocupa a maior parte da área, feijão e milho da primeira safra.
Soja - Segundo o Deral, a cultura mais prejudicada pelas chuvas foi a soja. Devido ao excesso de umidade o grão apresenta variações de produtividade que ficaram abaixo das expectativas, principalmente na região Oeste, onde a colheita está no fim. “A partir de agora, as atenções se voltam para as áreas que estão iniciando a colheita, na região Sul do Estado e nos Campos Gerais”, disse o diretor do Deral, Francisco Carlos Simioni.
Produção maior - Ainda assim, a produção deverá superar a do ano passado em função da ampliação da área plantada, que foi de 3%. Na safra anterior (14/15), a soja ocupou 5,1 milhões de hectares. Nesta safra (15/16), avançou para 5,26 milhões de hectares.
Expectativa - Com isso, a expectativa de produção aponta para uma colheita de 17,6 milhões de toneladas, cerca de 4% acima da produção do ano passado, que atingiu volume de 17 milhões de toneladas. No entanto, a previsão inicial do Deral apontava para uma colheita recorde de 18 milhões de toneladas.
Comercialização - “A comercialização da soja está bem melhor que no ano passado, que já foi bom para o produtor”, disse o agrônomo Carlos Hugo Godinho. Até agora, cerca de 41% da safra já está vendida. No mesmo período do ano passado, 16% já havia sido vendida. A movimentação está acima da média que é de 30% de soja comercializada neste período do ano.
Câmbio - Contribuem para essa movimentação os preços mais elevados do grão, impulsionados pela valorização do câmbio. Conforme levantamento do Deral, em fevereiro o produtor recebeu uma média de R$ 68,68 pela saca de soja, 21 % acima do mesmo período do ano passado quando a média foi de R$ 56,19 a saca.
Milho - A primeira safra de milho encontra-se com quase 30% da área colhida e aponta para uma produção de 3,5 milhões de toneladas, cerca de 24% menor em relação ao volume na mesma época do ano passado, que alcançou 4,6 milhões de toneladas. As quedas sucessivas de produção de milho da primeira safra se devem à forte redução da área de plantio, que nesta safra caiu 22%, passando de 542.380 hectares plantados no ano passado para 423.471 hectares neste ano.
Desenvolvimento - Segundo Godinho, as chuvas que prejudicam a colheita da soja beneficiam o desenvolvimento do milho da segunda safra. A produção esperada é de 12 milhões de toneladas, cerca de 4% acima da colhida no mesmo período do ano passado, cujo volume atingiu 11,6 milhões de toneladas.
Preços - Com a menor oferta de milho na primeira safra e o aumento nas exportações, os preços do grão estão mais aquecidos, beneficiando diretamente o produtor. Em um ano, o preço do milho pago ao produtor subiu 64%. Em fevereiro do ano passado o milho era vendido, em média, por R$ 20,80 a saca. Neste mês, foi vendido a R$ 32,43 a saca.
Consumo na indústria - Além das exportações do milho em grão, contribui para a elevação do preço o crescimento do consumo por parte das indústrias de carnes, como avicultura, suinocultura e mesmo bovinocultura.
Feijão - A primeira safra de feijão está em fim de ciclo, com 96% da área colhida e 73% da produção vendida, impulsionada pelos bons preços.
Produção menor - A produção de feijão caiu 12%, passando de 324.498 toneladas colhidas em 2015 para 284.549 toneladas neste ano. A queda foi provocada pela redução de 7% na área plantada e também ao excesso de chuvas de outubro a dezembro, durante o desenvolvimento vegetativo das plantas, explicou o engenheiro agrônomo Carlos Alberto Salvador.
Rendimento menor - De acordo com o técnico, o rendimento do feijão da primeira safra caiu 15%, o que contribuiu para o Paraná deixar de colher 50 mil toneladas do grão. Atualmente, avança o plantio da segunda safra de feijão, com 92% da área estimada em 210 mil hectares já ocupada pelas lavouras. A previsão de produção para essa safra é de 407 mil toneladas, 6% acima da anterior. “A preocupação é com o clima chuvoso que prejudica o plantio ainda a fazer e o manejo da cultura”, disse Salvador.
Mercado aquecido - Com a oferta limitada do produto em relação ao consumo e o clima instável, os preços do feijão estão aquecidos no mercado. Neste ano, o feijão de cor subiu 32,26% no preço pago ao produtor. Em janeiro de 2016 o produtor recebeu, em média R$ 171,48 a saca e, neste mês, recebeu R$ 189,36 a saca.
Seis meses atrás - Há seis meses, quando o preço do feijão vinha caindo, o aumento foi de 53%. Em setembro de 2015, o preço do feijão estava R$ 123,69 a saca em média.
Reajustes - O feijão preto também teve aumento nos preços, mas em ritmo menor porque seu consumo é mais restrito. Este ano, o aumento no preço pago ao produtor pelo feijão preto foi de 9%, saindo de R$ 133,68 a saca em janeiro para R$ 145,82 a saca em fevereiro. Em relação à outubro do ano passado, o feijão preto teve um reajuste de 44%. Naquele mês, o produtor recebeu R$ 101,19 a saca.