Russos querem fatia de concessão ferroviária

DCI

Enquanto a ANTT corre para destravar editais e levar à iniciativa privada trechos ferroviários, membros do governo buscam capital estrangeiro para o leilão. Semana passada, o diretor-geral da maior empresa russa do ramo esteve em Brasília e mostrou que o interesse, independentemente da recessão que o País vive, é alto.

"Nossa empresa tem capacidade reconhecida de construir e operar as ferrovias com o porte e o tamanho que o Brasil hoje pretende ter. Estou certo que vamos participar do programa de concessões do governo e realizar investimentos aqui", afirmou o diretor-geral da RZHD Internacional, Sergey A. Pavlov.

O encontro entre o empresário e membros do governo federal aconteceu na última semana, e contou com a presença do então ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa, que ontem assumiu a cadeira deministro da Fazenda, substituindo Joaquim Levy.

Ao termino do encontro, Barbosa disse que as expectativas são positivas. "O Brasil tem um histórico de receber bem os investimentos estrangeiros. Já tivemos investimentos de empresas europeias e americanas, além dos asiáticos, a começar com japoneses e depois chineses. Esperamos contar também agora com os investimentos russos."

Próximas investidas

A via sacra do governo federal este ano, na busca de aproximação com empresários de multinacionais, ainda pode render outras oportunidades denegócios. De acordo com informações da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a perspectiva é que a visita de empresários para conhecer mais a fundo o programa de concessão se acentue ao longo de2016.

Apesar do potencial, o professor macroeconomia da Universidade Federal deSanta Catarina (UFSC), Emerson Jacinto Lopes, ressalta que a redução do grau de investimento no Brasil, que levou o País a ser classificado como BB+, entrando na categoria especulativa, pode retardar esse processo. "A atenção e as garantias aos empresários internacionais agora é mais importante que nunca. É possível que o governo eleve a taxa de retorno das ferrovias, além de diminuir a participação da Valec no processo", disse.

Risco Valec

A perspectiva de calote da Valec, empresa pública que seria responsável por comprar a capacidade instalada dos vagões e repassar ao mercado é um dos pontos de conflito entre empresários e governo no que tange as concessões do setor.

Na visão de Lemos, além da falta de clareza na estrutura orçamentária da Valec, há um receio do empresariado com relação aos contratos públicos. "Não podemos nos esquecer que há casos, em São Paulo, de investigação sobre suposta corrupção na contratação de uma multinacional para execução dos trilhos do metrô."

A promessa de conceder ferrovias à iniciativa privada faz parte da 2ª fase do Plano de Investimento em Logística (PIL). No modal ferroviário, o programa busca aumentar a capacidade de transporte e diminuir os gargalos. O programa garantirá a aplicação de R$ 86,4 bilhões na construção, modernização e manutenção de 7,5 mil quilômetros de linhas férreas.



Data da Notícia: 23/12/2015
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