RS: suinocultura encerra ano marcado por forte crise, diz Agência Safras

Agência Safras

A suinocultura brasileira encerra um ano marcado por grandes contrastes. Se por um lado o recorde nas exportações pode ser visto como algo positivo, por outro, a forte crise, ocasionada pelos baixos preços da carne suína e os elevados custos de produção, foi muito impactante. Não é à toa que ela foi considerada por muitos agentes da cadeia como a pior de todos os tempos.

O analista de Safras & Mercado, Allan Maia, destaca que os preços dos principais insumos utilizados na alimentação animal apresentaram forte curva ascendente já no início de 2016, deteriorando as margens operacionais. “O quadro contribuiu para o abandono da atividade por parte de muitos produtores, especialmente por aqueles que possuem uma estrutura de custos mais fragilizada”, comenta.

Maia salienta que o mercado sofreu muito, principalmente no primeiro semestre, quando as cotações, tanto para o quilo vivo quanto para os principais cortes do atacado despencaram, atingindo as mínimas do ano em maio. “Este quadro teve como resultado o elevado número dos abates registrados no período, o que gerou grande excedente de oferta no mercado brasileiro, impedindo qualquer recuperação dos preços”, comenta.

O analista relembra que em 2015 muitos investimentos foram realizados no setor visando o aumento da produtividade, como o aperfeiçoamento de tecnologias dentro dos frigoríficos e a inauguração de novas plantas. “Além disso, os produtores ampliaram seus plantéis vislumbrando novas oportunidades em 2016, o que acarretou na sobreoferta de animais que o mercado interno acabou não conseguindo absorver”, detalha.

Para Maia, nem mesmo o alto fluxo de exportação, que atingiu um recorde histórico, foi capaz de equilibrar o mercado. “Esperava-se que, com o aprofundamento da crise econômica brasileira e o alto preço dos cortes bovinos, o consumidor optasse pelas proteínas mais baratas Isso de fato ocorreu e a concorrência entre as principais proteínas ficou mais forte. No entanto, a carne de frango foi a mais beneficiada. A demanda pela carne suína avançou apenas de forma tímida, não conseguindo acompanhar o aumento da produção, o que prejudicou um maior equilíbrio entre oferta e demanda no mercado interno” explica.

Maia entende que o fator de alento neste ano de crise foi o incremento dos embarques, favorecidos por dois fatores determinantes: o primeiro foi o avanço das compras por parte da China, que também devem demandar grandes volumes no próximo ano. O segundo foi a valorização do dólar ante o real, o que tornou a carne suína brasileira muito competitiva no mercado externo.

Mercado deve buscar ajuste de oferta no próximo ano

Maia explica que a produção de carne suína começou a apresentar sinais de redução ao longo do último quadrimestre, mas não ainda a ponto de alavancar os preços internos. Este movimento deve ganhar força a partir do próximo ano. “Como o setor enfrentou preços baixos no mercado interno e altos custos de produção a tendência é de possa haver um recuo no tamanho dos planteis nos próximos meses, o que pode trazer um maior equilíbrio entre a oferta e a demanda e um maior espaço para a recuperação dos preços e das margens de lucratividade”, projeta. A expectativa de Safras & Mercado é de que a produção de carne suína possa atingir 3,897 milhões de toneladas em 2017, volume 0,69% inferior ao esperado para este ano, de 3,925 milhões de toneladas.

Nas exportações, a tendência é de que o bom desempenho observado em 2016 possa ser ainda mais melhorado. “A expectativa é de que possam ser exportadas 733,2 mil toneladas de carne suína em 2017, superando as 719,4 mil toneladas previstas para esse ano”, sinaliza. Maia acredita que países como Rússia, Hong Kong, China e Cingapura continuarão sendo os principais importadores da carne suína brasileira.

Em termos de disponibilidade interna, com a continuidade do alto fluxo de exportação e a redução na produção, o mercado brasileiro tende a apresentar maior equilíbrio durante o próximo ano. “A expectativa é que possam ser ofertadas 3,164 milhões de toneladas em 2017, contra as 3,205 milhões de toneladas de 2016, o que representa uma queda de 1,28%”, informa.

Maia destaca ainda que apesar dos indicativos de ajuste para 2017, o sinal de alerta deve ser mantido pelo setor, considerando que o custo de produção deve seguir em um patamar elevado. “O primeiro quadrimestre do ano tende a ser o mais difícil em termos de consumo, já que no período a população dispõe de um maior grau de endividamento. Para a segunda metade do ano, porém, a demanda deve avançar e trazer um maior equilíbrio ao mercado”, conclui.



Data da Notícia: 26/12/2016
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