Valor Econômico
Com os olhares atentos à sucessão de números e tabelas exibidos em slides, empresários demonstram curiosidade por saber como será a Argentina "quando voltar a ser um país normal". Essa é a expressão que o palestrante usa repetidas vezes para se referir às oportunidades que podem surgir a partir de 25 de outubro, dia da eleição de um novo governo. Reunidos recentemente na sede da Sociedade Rural Argentina, em Buenos Aires, esses empresários aguardam ansiosos a despedida de Cristina Kirchner, cujo mandato marcou tempos de conturbado enfrentamento com o campo. Mas no caminho da esperada posse de um novo presidente surgiu outro obstáculo. A crise no Brasil agrava a deterioração das exportações dos produtos argentinos. Além disso, a onda de desvalorizações do real e de moedas de outros parceiros comerciais e de concorrentes preocupa o setor agropecuário do país, onde o câmbio mudou menos nos últimos tempos. Nos últimos 12 meses, o dólar se valorizou 70% em relação ao real, mas apenas cerca de 11% em relação ao peso argentino. Ainda é difícil medir o alcance desse aumento da concorrência brasileira em relação a produtos que a Argentina também exporta por causa do câmbio, mas esse não é o único problema. Com o movimento, o Brasil também tende a importar menos produtos argentinos, com reflexos sobretudo para as chamadas economias regionais. O mercado brasileiro é o destino de mais de 70% do que os argentinos exportam em farinha de trigo, cebolas, alho, azeitonas, malte e batatas congeladas. Mais de 40% de uvas e azeite de oliva e um terço de peras e maçãs vendidos ao exterior também seguem para o Brasil. (Veja mais em http://bit.ly/1WviBQH)