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Os coprodutos de origem animal são ingredientes de difícil padronização de sua composição química devido as características de sua cadeia de produção, por isso, o monitoramento de seus níveis nutricionais necessita de uma atenção redobrada. Os riscos – em relação à contaminação bacteriana – são altos, sendo crucial trabalhar com fornecedores que tenham ações efetivas sobre a garantia de qualidade sanitária de seus produtos.
São produtos de grande interesse devido a sua composição em proteína, energia, cálcio e fósforo, sendo a Farinha de Carne e Ossos e Farinha de Víceras os coprodutos de origem animal mais utilizados nas rações de suínos. Além disso, possuem vantagem do ponto de vista econômico sendo, portanto, utilizados estrategicamente na substituição de outros ingredientes, como farelo de soja e fosfato bicálcico.
O valor de proteína bruta das farinhas de carne e de vísceras varia amplamente, devido aos tipos de ingredientes utilizados na fabricação, como: resíduos de carcaças, partes cárneas (vísceras), tecido gorduroso, sangue ou resíduos de desossa. Dessa forma, estimar os níveis de aminoácidos em função da proteína total é algo impreciso.
A quantidade de extrato etéreo também tem grande oscilação devido à forma como é feita a separação da gordura dos resíduos do abatedouro, podendo variar expressivamente entre fornecedores. Já a qualidade das gorduras das farinhas de origem animal deve ser monitorada por meio de acidez e índice de peróxidos, uma vez que estas análises conseguem indicar o início de um processo de degradação de compostos nutricionais bem como a formação de substâncias tóxicas.
Vale lembrar que estes processos levam à rancificação das farinhas e não podem ser revertidos. Quando a análise de rancidez for POSITIVA, o uso das farinhas não é recomendado, pois a qualidade estará totalmente comprometida e suas características organolépticas inibirão o consumo da ração pelo animal, prejudicando diretamente seu desempenho produtivo.
O quesito primordial na produção de farinhas de boa qualidade, é a utilização de resíduos frescos, que não estejam em estágio de deterioração. Portanto, a incorporação de antioxidantes no produto final visa garantir a preservação da qualidade da gordura, aumentando o prazo de armazenamento das farinhas.
Outro fator importante é a umidade, que deve ser monitorada por estar ligada diretamente a manutenção da qualidade do produto. O alto nível de umidade (acima de 8%) é um fator predisponente a oxidação, que potencializa o aumento da acidez e compromete o valor energético das farinhas. Isso ocorre devido a presença de ácidos graxos livres, liberados por meio da ação de enzimas lipolíticas, o que caracteriza a contaminação microbiana.
Por outro lado, valores de umidade demasiadamente baixos (abaixo de 2,5%), geralmente estão relacionados a excesso de processamento e, nestes casos, a análise de microscopia pode auxilia na verificação da presença de partículas queimadas, indicando a carbonização da matéria orgânica. Tal situação provoca a redução da disponibilidade dos nutrientes para os animais, além de influenciar negativamente a palatabilidade do produto.
Outros produtos de origem animal utilizados, são: a Farinha de Sangue e a Farinha de Plasma. Esses produtos têm apelo ecológico, uma vez que o tratamento de efluentes do processo de abate é de alto custo.
A Farinha de Sangue possuí alto valor proteico e sua fabricação é realizada através do sangue coletado em abatedouros, que deve ser fresco e livre de contaminantes (ex. penas, peloas, vísceras, etc.). Segue então para um processo de cozimento e secagem, que precisa respeitar o tempo ideal de permanência em altas temperaturas, pois a desidratação em excesso afeta a digestibilidade da proteína, principalmente da lisina.
Recomenda-se ainda: análises de proteína bruta (mínimo 80%), de digestibilidade protéica (mínimo 80%, em Pepsina 0,002%), umidade (máximo 8%) e verificação da presença de Salmonela, uma vez que o produto deve ser manipulado em adequadas condições sanitárias. Vale lembrar que a farinha de sangue pode apresentar problemas de aceitação da ração pelos suínos, por isso não deve ser utilizada em altas inclusões na fórmula.
Um subproduto de origem animal, considerado nobre do ponto de vista nutricional é a Farinha de Plasma. Ela é produzida a partir da centrifugação do sangue para separação de plaquetas, leucócitos e hemácias; em seguida passa por um processo de secagem. Este processo, denominado “Spray dryer”, contribui para melhorar a padronização deste subproduto, além de propiciar maior rigor nas etapas de colheita e armazenagem do sangue.