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Não aconteceu ainda. Mas, na visão do Rabobank, a carne de frango tende a uma forte valorização no mercado internacional. Mais: os altos preços dos produtos avícolas em geral, não só do frango, podem não ficar restritos a 2015. Há bons motivos para que se estendam até 2016 ou, mesmo, até 2017.
Em novo relatório trimestral sobre as tendências da carne de frango no corrente exercício, o Rabobank observa que o número crescente de casos da Influenza Aviária (ocorrência que o banco chama de “global”) vem interferindo no fluxo comercial do produto e devem influenciar os preços do produto no restante do ano. Isso ainda não aconteceu e, até pelo contrário, alguns itens continuam enfrentando desvalorização, como cita Nan-Dirk Mulder, um dos analistas do banco: “Frango inteiro, ‘leg quarters’ e patas de frango continuam em queda, enquanto a carne de peito permanece com preços relativamente firmes”.
A resistência à valorização tem várias causas. Queda de preço da carne suína, farta disponibilidade (e baixos preços) das matérias-primas, oferta elevada de carne de frango. A esses, se junta fator mais recente: redução do preço da chamada “carne escura” de frango naqueles importadores que ainda não embargaram o produto dos EUA. Mas é clara a tendência de reversão dessas quedas no curto prazo, porque o suprimento internacional se encontra seriamente afetado.
Sob esse aspecto, aliás, a Influenza Aviária vem sendo apenas mais uma agravante do comércio internacional, já afetado pela volatilidade do câmbio e por uma deterioração generalizada das condições econômicas. Mas, sem dúvida, a Influenza prejudicou duramente quem exporta. E o Rabobank mostra números, apontando, por exemplo, que nos EUA (1º trimestre de 2015) houve recuo de 4% e 13% sobre os volumes exportados, respectivamente, no primeiro e no quarto trimestres de 2014.
Brasil e Tailândia foram os países favorecidos pela presente situação, sendo os únicos países exportadores a fechar o primeiro trimestre de 2015 com registro de aumento de volume em relação ao mesmo trimestre do ano passado.
Porém – alerta o Rabobank – as atuais restrições no comércio internacional podem ter desdobramentos de mais longo prazo, capazes de impactar negativamente o futuro suprimento de carne de frango e de ovos.
Rússia, China e alguns países do sudeste asiático embargaram totalmente os produtos avícolas norte-americanos. E isso significa que proibiram, também, a entrada de material genético vindo dos EUA.
O efeito disso não é imediato. Mas, futuramente, é possível haver déficit no suprimento não só de material de multiplicação, mas também de frangos e ovos. O que sinaliza a continuidade de altos preços também em 2016 e 2017.
O Rabobank não comenta. Mas isso pode trazer duplo benefício ao Brasil. No curto prazo, suprindo parcialmente o mercado internacional com material genético. No longo prazo, suprindo os déficits no abastecimento de carne de frango e de ovos. Mas, para tanto, o País precisa estar preparado. E não apenas sanitariamente.
Abaixo, uma síntese das projeções do Rabobank sobre os principais “players” da carne de frango no mercado global.