Folha de S. Paulo
Levantamento da Folha com dados de 52 nações mostra que apenas Venezuela (-12,8%) e Ucrânia (-8,9%) registraram retrações maiores que a acumulada pelo Brasil (7,2%) entre 2015 e 2016.
A Venezuela, que sofre com os preços baixos do petróleo, viu sua economia desabar nos últimos três anos, situação agravada pela crise política após a morte do presidente Hugo Chávez, em 2013.
Já a Ucrânia, apesar de sinais recentes de estabilização, foi profundamente afetada pelo conflito com a Rússia iniciado três anos atrás.
Para uma análise da tendência de longo prazo do crescimento dos países, o ideal é olhar o desempenho do PIB por períodos mais longos do que um ou dois anos.
Desde a crise global, por exemplo, o Brasil não foi tão mal quanto Venezuela, Ucrânia e nações europeias que estiveram no centro da derrocada econômica, como Espanha e Grécia, que só agora ensaiam uma retomada.
Mas os resultados da economia brasileira, desde então, estão longe do desempenho da maioria dos demais países emergentes. Nos últimos dez anos, o PIB da China e o da Índia mais que dobraram, e o da Indonésia teve expansão de 75%. Já o do Brasil cresceu somente 22%.
Na América Latina, a Colômbia cresceu 49% desde 2007, e o Chile, 40%.
"É inegável que a recessão brasileira teve causas domésticas muito significativas. Uma comparação com o desempenho de outros países deixa isso claro", diz Paulo Picchetti, economista da FGV.