Folha de São Paulo
O mercado de frango, que manteve os preços em R$ 2,40 por quilo de ave viva por 36 dias em São Paulo, começa a perder sustentação.
A queda de preço, iniciada no final da semana passada, se ampliou e a ave viva foi negociada a R$ 2,25 por quilo nas granjas paulistas nesta quinta-feira (16).
O recuo dos preços ocorre devido à conjugação de vários fatores, segundo Heloísa Xavier, diretora da Jox Assessoria Agropecuária, consultoria especializada no setor.
Ao mesmo tempo em que a oferta de frango aumentou, as exportações estão fracas e o brasileiro sofre os efeitos da crise econômica, reduzindo o consumo.
Ao contrário do que se imaginava, abril está sendo um período atípico, segundo Xavier. Nem mesmo o pagamento dos salários, no início deste mês, deu sustentação à demanda pelo produto.
Além de um cenário pouco favorável para os consumidores, o aumento de oferta de frango não vem apenas das granjas independentes --em geral, as primeiras a aumentar o volume de oferta em período de baixa de preços.
As granjas integradas, unidades que já têm a produção destinada a frigoríficos específicos, também estão colocando mais frango à venda.
Segundo a diretora da Jox, a oferta de frango fica ainda mais acentuada porque a ave, normalmente vendida com 2,5 a 3 quilos de peso, chega a até 4 quilos neste mês.
As exportações também não têm favorecido o enxugamento do mercado. Dados divulgados pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) nesta semana indicam que as vendas externas de frango "in natura" apresentam queda de 2% em relação às de abril do ano passado.
No mesmo período, as exportações de carne suína recuaram 3%. Já as de carne bovina aumentaram 5%.
No mercado interno, o frango também não é o único a apresentar queda de preço, afirma Xavier. A demanda fraca por proteínas afeta os patamares de negociações de ovos e das demais carnes no mercado paulista.
Pesquisa diária da Folha indica que a arroba de carne suína teve recuo de 12% nos últimos 30 dias nas granjas paulistas. Já o frango acumula recuo de 6% no período.
Na contramão, a arroba de boi gordo teve alta de 5%, devido à oferta restrita de animais para o abate.