Protesto de caminhoneiros fecha rodovias em sete regiões do Brasil

PorkWorld

Um protesto de caminhoneiros fechou rodovias em sete regiões do Brasil na última segunda-feira (23). Eles reclamam do alto preço do diesel, do baixo valor pago pelo frete e das estradas ruins.

A manifestação começou a provocar desabastecimento de combustível, ração para animais e peças para a fabricação de automóveis.

Os bloqueios fizeram com que o maior frigorífico de suínos do Rio Grande do Sul, em Santa Rosa, suspendesse as atividades. As câmeras frias estão lotadas. Cerca de três mil animais vão deixar de ser abatidos, por dia, enquanto durarem os protestos. Isso significa que 1.700 trabalhadores vão ficar em casa.

Em Cruz Alta, no início da noite de segunda-feira (23), os caminhoneiros paralisaram a BR-158. As fábricas de ração da região não conseguem fazer as entregas e os estoques dos criadores de suínos e frangos devem durar, no máximo dois dias.

Em Santa Catarina, começa a faltar até combustível em algumas cidades. A coleta de leite foi suspensa em propriedades rurais de todo o estado. Em um frigorífico que abate suínos, os caminhões com produtos industrializados se amontoam no pátio da empresa. Contêineres carregados, que iriam pro Haiti, permanecem no local. Em um dia, cerca de mil animais deixaram de ser abatidos.

No Paraná, nas regiões oeste e sudoeste, os bloqueios também já provocam falta de combustíveis. Em Francisco Beltrão nenhum dos 23 postos tem gasolina e apenas dois ainda há estoque de etanol. A previsão é que o combustível dure apenas até esta terça-feira (24).

No aeroporto de Foz do Iguaçu, a orientação é que os aviões venham com combustível a mais. Em duas cidades da região as prefeituras anunciaram que vão suspender o transporte escolar a partir de amanhã por falta de diesel.

Em Minas Gerais, a rodovia Fernão Dias registrou 18 quilômetros de congestionamento na chegada a Belo Horizonte. No sentido contrário, as pistas foram interditadas em Timóteo, no Vale do Aço.

Houve bloqueios também na BR-262, em Juatuba, e no acostamento da BR-040, em Nova Lima.

Em Mato Grosso, o movimento dos caminhoneiros chega ao sexto dia consecutivo. Nesta segunda-feira (23) mais dois trechos da BR-364 foram bloqueados: um na capital Cuiabá e outro em Diamantino, no centro-sul do estado. Os congestionamentos chegaram a dez quilômetros.

Em alguns horários do dia, como no almoço, a liberação é feita por uma hora e depois o protesto é retomado. Além do alto preço do diesel e do baixo valor pago pelo frete, os caminhoneiros também reclamam das estradas ruins e da carga de impostos.

Em Dourados, Mato Grosso do Sul, o protesto durou 10 horas. Os caminhoneiros ficaram concentrados no cruzamento das BRs 163 e 463. Com tambores e pneus eles bloquearam parcialmente a passagem dos veículos. De 20 em 20 minutos, o tráfego era liberado.

Segundo o sindicato dos trabalhadores de transporte, em dois meses mais de 30 caminhoneiros foram demitidos por causa do alto custo de manutenção dos veículos.

Representantes dos caminhoneiros dizem que a paralisação em várias regiões não foi coordenada. “Os motoristas se organizaram espontaneamente. A penúria, o sofrimento está tanto que eles decidiram a parar espontaneamente. O que precisa? Um óleo diesel com preço que dá pra consumir ele e dá para ganhar alguma coisa”, afirma José Natan, presidente do Sindicato dos Caminhoneiros de MG.

A Advocacia Geral da União entrou hoje com sete ações na Justiça Federal dos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul para tentar liberar as rodovias bloqueadas por caminhoneiros.

O Governo Federal quer liminar para garantir a circulação e fixar multa de R$ 100 mil para cada hora que as estradas permanecerem fechadas. A União argumenta que os bloqueios provocam graves prejuízos econômicos ao impedir a circulação de cargas, e que os caminhoneiros estão usando de modo abusivo o direito de protestar.



Data da Notícia: 24/02/2015
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