Produtor dá aula de gerenciamento na suinocultura


Uma aula. Foi o que centenas de pessoas presenciaram durante um bate-papo esclarecedor com o suinocultor Mauro Biondo, da Agropecuária Biondo, de Seara (SC), durante o Info360º, realizado pela Agriness em Florianópolis, nos dias 14 e 15 de abril. Com a simplicidade típica do homem do campo, falou aos presentes sobre os 35 anos de atuação na cadeia suinícola, apresentando exemplos práticos de como alguns conseguiu alcançar resultados de excelência fazendo simplesmente o “feijão com arroz”, mas com boas ideias e um ímpar senso de justiça com os seus funcionários. Quem conduziu a conversa foi o sócio-proprietário da Agriness, Everton Gubert. Na Granja Biondo, de ciclo completo, com parcerias para a terminação, o sucesso vem embasado em genética, sanidade, nutrição, manejo, estrutura, gestão e cuidado com as pessoas. Mauro falou um pouco sobre cada um dos temas.

Genética

O suinocultor destacou a importância de ter controle sobre os processos, que começam com a seleção de uma genética de qualidade. “Hoje é difícil termos uma genética ruim, mas para termos mais controle dessa etapa, criamos há muitos anos uma central de inseminação. Isso serve para garantir o processo todo, com a confiança que teremos um sêmen mais novo, com mais qualidade”, disse. Para Biondo, não basta ter uma boa genética se o animal não é devidamente bem tratado, o que pode acarretar em descartes precoces. “É preciso ter um cuidado com leitoa para que ela possa ter seis, sete partos. Se isso não acontecer, no terceiro parto ela já está descartada”, pontuou.

Sanidade

Quando o assunto é sanidade, Biondo é enfático: “Limpeza é prevenção”. Para ele, o funcionário precisa entender o motivo pelo qual a limpeza nas instalações é desejada. “Prevenir custa mais barato que remediar. Com isso, teremos animais mais sadios em todos os setores. Temos que explicar para o funcionário quais as vantagens e desvantagens de manter o ambiente limpo, qual meu objetivo e porque trabalhar assim”, disse. Ele comentou ainda que ambientes organizados e limpos fazem com que o trabalhador se sinta melhor durante a realização de suas atividades. “Por outro lado, além de ambiente limpo proporcionar sanidade, melhora o trabalho para as pessoas. Quem não gosta de um ambiente limpo?”, questionou a plateia. Ele citou alguns exemplos que tornaram a Granja Biondo mais eficiente nesse sentido, como o fim do setor de compostagem. “Eliminamos a compostagem com o congelamento de placenta e de animais mortos. A cada tempo, o material é retirado, sem a sujeira que tínhamos antes”, exemplificou, ampliando: “Sem prevenção não há êxito na suinocultura de hoje”.

Nutrição


A nutrição é loevada a sério, sem desperdícios e de acordo com que cada animal precisa nas mais diferentes fases em que está na granja. “A nutrição evoluiu muito, mas sempre estou conversando com fornecedores para saber como melhorar. Hoje usamos três tipos de ração, na terminação, para fêmeas e na creche”, explica. “Nosso milho (em Santa Catarina) ainda é um problema. Não tem lugar para estocar, o que faz com que ele perca qualidade na secagem e estocagem. Por outro lado, um dos vilões da conversão alimentar é o desperdício. Depois de comer, os funcionários varrem e limpam o material restante. “A gente tem que dar apenas a ração necessária, por isso temos atenção com cada animal”, pontua. Entre as mudanças propostas pelos irmãos da Agropecuária Biondo está a utilização de cerâmica nos cochos. “Tínhamos os cochos em concreto. O animal machucava o fuço na hora de comer e ainda deixava uma crosta (de ração) para trás. Para acabar com isso, revestimos o cocho com cerâmica”, emenda.

Manejo

Para fazer o manejo dos animais, Biondo dá uma receita simples. “Tem que colocar a pessoa certa na função certa. Na maternidade, por exemplo, usamos as mulheres, que têm mais carinho, mais paciência, cuida melhor dos leitões”, garante. Os cuidados começam na hora do nascer. Animais mais fracos são separados e recebem atenção especial. “O suíno que nasce com baixo peso, por exemplo, recebe colostro com uma seringa direto no estômago. Em poucos minutos, ele já vai ter a energia para se desenvolver como aos outros. “O problema é fazer nascer. Depois de nascido, é mais fácil fazer com que se mantenha vivo e se desenvolva”, entende. O empresário, entretanto, diz que os gerentes precisam estar atentos e saber todos os processos de dentro da granja para poder repassar o conhecimento aos demais. “Para ensinar, tem que saber fazer”, resume.

Estrutura

Árvores para diminuir a incidência de sol no verão, varreção de folhas nos arredores das granjas, manutenção constante das estruturas, reparos, pinturas, organização de ferramentas, local específico para farmácia e uma faxina geral no verão, “do piso ao teto”. São alguns dos exemplos que Biondo propôs à reflexão do público presente no Info360º. “É mais difícil manter a estrutura em dia, os equipamentos organizados, mas dá um resultado muito bom. Além de organizar o trabalho no dia a dia, promove um menor risco de acidentes”, frisou.

Gestão


“Sem números, não se vai a lugar algum”, defendeu o suinocultor ao lembrar da importância do gerenciamento dos dados da granja. Antes de 1998, era tudo no papel. A partir de então, começamos a usar softwares para ter uma gestão mais moderna e eficiente”, lembrou o produtor. Toda semana, os dados compilados, como nascimentos, natimortos, peso da leitegada, entre outras situações, vão parar no sistema que gerencia com mais confiabilidade o negócio. “Temos que saber bem o que está acontecendo dentro da granja. Não tem como discutir gestão sem discutir e analisar números”, cravou.

Pessoas


O tema central do evento era “pessoas: agentes de transformação”. E foi exatamente no pilar pessoas que Biondo fez questão de dedicar a maior parte do bate-papo. Na granja, funcionário ganha casa com garagem e acessibilidade para deficientes físicos, um terreno para ter hortas, pomares, folgas programadas e outra série de benefícios, como presentes no fim de ano, confraternizações com a presença de toda a família e até o pagamento de energia elétrica e água consumidos em seus imóveis. Para ele, a produtividade só vem com colaboradores dispostos e contentes com o emprego. “Se o funcionário está de bem com a vida, descansado, ele produz melhor. Nesse quesito, não há diferença entre o funcionário rural e o urbano”, entende. Ele lembra que o bem-estar do funcionário deve ser regra dentro do empreendimento e cita pequenas intervenções para ele se sentir melhor, como a presença de bebedouros espalhados pela propriedade. “No calor não é bom encontrar uma água gelada? Pois então. Se é bom para mim, é bom para os outros também”, disse, ao arrancar mais uma salva de palmas dos presentes. “Tem gastos, mas a recompensa é maior”.

Princípios

O produtor convidado a falar sobre suas atitudes na granja para garantir uma gestão mais eficiente citou pilares que o ajudaram a chegar à excelência. “Têm cinco coisas que não abro mão: responsabilidade, trabalho, honestidade, humildade e a família, que está por trás de tudo isso”, disse ao finalizar enaltecendo a presença dos dois irmãos no empreendimento. “Ninguém faz nada sozinho. O mérito é dividido com meus irmãos e nossos funcionários”.

Fonte: O Presente Rural

Foto: Giuliano de Luca/OP Rural 



Data da Notícia: 31/05/2016
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