Produção sem antibióticos melhoradores de desempenho. Será possível?

Avicultura Industrial

O uso dos antimicrobianos como melhoradores de desempenho nas formulações de rações voltadas a produção de aves e suínos é um tema que tem despertado discussões em todo o mundo. Há uma pressão para o completo banimento deles da alimentação animal, permitindo apenas a sua utilização terapêutica, ainda assim pregando que seja de forma prudente e racional. O grande receio por trás dessa celeuma toda é o desenvolvimento de bactérias resistentes às principais moléculas disponíveis hoje para o tratamento de enfermidades humanas e de animais. Também, um possível risco de resíduos presentes na carne.

A União Europeia já baniu complemente os antimicrobianos como melhoradores de desempenho das suas produções desde 2006. Nesse ano, os Estados Unidos anunciaram a proibição do uso de todas as moléculas críticas à medicina humana dentro dos sistemas produtivos. Na América Latina, não há legislações proibindo o uso como melhoradores de desempenho. Iniciativas apenas voluntárias de grandes empresas, que ao atender o mercado internacional, já produzem sem esse aditivo nas rações. Ou mais pontuais, como no Brasil, com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) vetando o uso da colistina nas produções.

O mercado já dispõe hoje de alternativas voltadas a minimizar os efeitos da retirada dos antimicrobianos como melhoradores de desempenho. Os eubióticos, grupo formado por ácidos orgânicos, óleos essenciais, probióticos e enzimas, atuam de forma a modular a microbiota intestinal, favorecendo a proliferação das bactérias benéficas, inibindo assim a ação das bactérias patogênicas. Eles não substituem o uso dos antibióticos na forma terapêutica. São tecnologias complementares, que podem ser aplicadas conjuntamente.

O completo banimento do uso como melhoradores de desempenho dos antibióticos ainda gera discussões acaloradas. A tendência, acompanhada de recomendações para uso prudente vindo de organismos internacionais como OMS e OIE, aponta para uma completa retirada ou forte redução de uso. É difícil prever o futuro. Mas, o importante, é que essa decisão tenha base estritamente científica, sem caráter emocional, e seja feita com base em discussões envolvendo todos os atores: sociedade, setor produtivo e governo.



Data da Notícia: 17/04/2017
O SINDICARNE / ACAV / AINCADESC utiliza cookies para a geração de estatísticas nos acessos do site, essas informações são armazenadas em caráter temporário exclusivamente para esta finalidade. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com o monitoramento.