Diário Catarinense
Apesar de estarem cansados de tanta inflação nos últimos anos, os catarinenses se deparam com mais uma onda de preços altos dos grãos e sua disseminação para os alimentos nos supermercados. O assunto do momento, fora e dentro das redes sociais, é o preço do feijão, que está custando de R$ 9 a R$ 15 por quilo ou mais, dependendo do tipo. A soja, o milho, o arroz e o trigo também subiram, destaca o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de SC (Faesc) Enori Barbieri. Como a soja e o milho são usados na alimentação de aves, suínos e bovinos, as carnes e o leite subiram e devem seguir caros por alguns meses.
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Segundo Barbieri, o Brasil produz e consome cerca de 3,5 milhões de toneladas de feijão por ano e o grão teve alta por dois motivos: as chuvas afetaram 300 mil das 600 mil toneladas da primeira safra do Paraná, um dos Estados maiores produtores; mas boa parte da região do Cerrado não consegue mais produzir devido a uma praga chamada mancha branca. Esse problema vai continuar porque a Embrapa não investiu o suficiente em pesquisa para combater a doença. A alternativa melhor, conforme o vice da Faesc, é importar feijão preto da China e do México, o que empresas já fazem pelos portos de SC. Já no caso do feijão carioquinha, mais consumido em SP e RJ, algum país terá que produzir, o que demora uns três meses.
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Sempre atento aos preços de grãos no mundo, Barbieri explica que a soja teve alta de R$ 60 para R$ 85 por saca porque a Argentina teve quebra na produção e isso reduziu o estoque internacional. O milho e o trigo subiram porque caiu a oferta no Brasil em função do uso para alimentação animal e chuvas. E o arroz também teve alta porque as chuvas afetaram a colheita. Contudo, os estoques de milho, arroz e trigo estão bons no mundo, o que facilita a importação. Com tanto grão caro, o consumidor vai sofrer mais com a recessão e será difícil ao Banco Central levar a inflação para o centro da meta, 4,5%.