Avisite
A análise dos resultados da produção brasileira de pintos de corte (APINCO) revela que, salvo pequena diferença no mês de janeiro, os números do primeiro trimestre de 2013 são muito similares aos que foram registrados dois anos atrás, no mesmo primeiro trimestre de 2011.
Parece coincidência, mas não é. Os números deste ano são o reflexo do alojamento de matrizes de corte de 2012, que recuou cerca de 7% em relação ao ano anterior. E que retrocedeu (vem daí a aparente coincidência) ao mesmíssimo nível registrado em 2010 – 46,5 milhões de matrizes de corte no ano. Não é por acaso, pois, que o volume produzido no trimestre seja quase idêntico, com incremento de apenas 1% - variação irrisória para um espaço de dois anos.
Supostamente, a produção do segundo e terceiro trimestres de 2013 deve, no máximo, repetir os resultados de 2011, visto que as informações de mercado dão conta de um potencial produtivo limitado, eventualmente inferior ao do primeiro trimestre do ano. E tudo indica que mesmo o volume atual só está sendo alcançado através da máxima utilização do plantel reprodutor existente.
Fica difícil, apenas, prever o que pode acontecer no trimestre final de 2013, já que parte do potencial produtivo daquele período estará sendo definido pelas matrizes de corte alojadas no primeiro semestre do ano, ou seja, agora.
Em 2011, como aponta o gráfico abaixo, a produção do quarto trimestre foi, simplesmente, explosiva. A ponto de ter gerado, no final do exercício, excedentes de carne de frango repassados para o ano seguinte e multiplicados durante quase todo o transcorrer do primeiro semestre de 2012.
Tudo isso aconteceu porque, bem antes (isto é, no primeiro semestre de 2011), o setor ficou animado com o bom desempenho do frango (o preço médio da ave viva naqueles seis meses situou-se em R$1,83/kg, ou seja, valor maior, até nominalmente, que o atualmente pago ao produtor) e passou a aumentar exageradamente o alojamento de matrizes (mais de 50 milhões de cabeças no ano). Os efeitos dessa aventura recaíram sobre a atividade em 2012. Mas começaram a ser observados já no final de 2011.
Como, faltando mês e meio para o encerramento do semestre, o frango - a despeito da redução de custos – continua a propiciar resultado financeiro apenas moderado (por exemplo, nos últimos 30 dias o preço médio do frango abatido ficou apenas 7,8% acima da média alcançada no primeiro semestre de 2011 e, assim, perde feio da inflação acumulada nos últimos dois anos), supõe-se que o alojamento de matrizes de corte também siga moderado, sem repetir os exageros (e equívocos fatais) anteriores.
Se isso se confirmar, a curva de produção de 2013 será mais estável, sem a forte amplitude registrada em 2011. Mesmo assim, fica uma indagação: será que o setor aprendeu?