Pequeno produtor é desafio para logística reversa no agro

DCI

Por conta do clima tropical e da variedade de safras, o Brasil é o maior consumidor de defensivos, mas também o primeiro no ranking global de logística reversa do setor. No entanto, atingir a agricultura familiar ainda é o grande entrave que tem sido combatido através de coletas itinerantes.

A cada 100 embalagens de agroquímicos colocadas no mercado, cerca de 94 têm o retorno ambiental correto. Nos Estados Unidos - principal concorrente na produção de commodities agrícolas - a média de retorno é de 33%, conta o gerente de logística do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev), Mário Fuji.

Mais de 4,8 mil recebimentos itinerantes foram organizados no Brasil, neste ano, "para que seja viável buscar essa embalagem em lugares em que o produtor não tem como entregar", diz o executivo. O chamado 'Sistema Campo Limpo', promovido pela entidade, encaminha a maior parte dos produtos pata a reciclagem (91%) e os demais para a incineração.

Ações

"Até a última sexta-feira de novembro (27), estamos com um programa de recebimento em São Paulo para atender os pequenos e médios produtores que têm dificuldade de fazer a devolução das embalagens", informa o gerente da Associação das Revendas de Insumos Agrícolas de Araraquara (Ariar), Antônio Tadeu. O objetivo desta ação é atingir 150 produtores. Amanhã (18) a central de coleta chega ao município de São Carlos e termina em Brotas (SP).

Este tipo de processo visa atender, anualmente, de 800 a mil agricultoressó entre as lavouras paulistas. O único procedimento exigido é o da lavagem adequada para que o produto esteja apto ao sistema de reciclagem.

Desde 2002, uma legislação atribui a cada elo da cadeia (agricultores, fabricantes e canais de distribuição, com apoio do poder público) responsabilidades compartilhadas que possibilitam o funcionamento do Sistema Campo Limpo, do Inpev. Com isso, já foram destinadas corretamente mais de 360 mil toneladas do material.

"Muito antes da lei as empresas já estavam preocupadas com o fim a ser dado para essas embalagens. Tivemos a oportunidade de fazer [projetos] pilotos e quando houve a regulamentação, já tínhamos alguma experiência", afirma Fuji.

Resultados e projeções

Dados do Inpev indicam que, entre os meses de janeiro e setembro deste ano, foram recolhidas 36.925 toneladas de embalagens vazias, um aumento de 6% em relação ao mesmo período de 2014. O estado do Mato Grosso é responsável, sozinho, pelo volume de 8.536 toneladas e ainda manteve a liderança com um ganho de 4% no período avaliado.

Segundo o diretor técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Nery Ribas, a região mantém um trabalho de conscientização há cerca de 21 anos. "Então, hoje está mais que consolidado", enfatiza. Foram construídos locais para o armazenamento das embalagens nas propriedades e, agora, mediante um agendamento com as centrais de coleta os produtos são encaminhados, tal como qualquer outra etapa do processo produtivo.

Um resultado que chamou a atenção foi o de Tocantins, integrante da nova região agrícola, Matopiba, ao lado de Maranhão, Piauí e oeste da Bahia. Com 31% de avanço na variação anual, o Tocantins entregou 402 toneladas, daí o potencial de expansão não só neste estado, mas em todo o Matopiba.

"Nos antecipamos à realidade do Matopiba e colocamos unidades remotas nesta região. Sem dúvida, é lá que está o maior potencial de crescimento", estima o gerente do instituto. Em contrapartida, o Maranhão registrou o menor aumento, de 0,6% no período, em 746 toneladas. "Não significa que recolhemos menos, lá houve menor demanda por defensivos", completa.



Data da Notícia: 17/11/2015
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