Paralisação no transporte pode ter afetado primeiros embarques de frango de março

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Ao contrário do que tem sido propalado, é provável que os efeitos da paralisação dos transportes não tenham recaído sobre as exportações de carne de frango no transcorrer do movimento, que ocorreu em fevereiro, e, sim, posteriormente, ou seja, na primeira semana de março.

A hipótese é levantada ao analisarem-se os dados semanais da SECEX/MDIC sobre os embarques médios diários de carne de frango nas 10 primeiras semanas do ano (a 1ª e a 2ª de janeiro, bem como a 2ª e 3ª semanas de fevereiro foram englobadas como se fossem uma única, por conterem menor número de dias úteis).

O que se observa (gráfico abaixo) é que após um fraco desempenho em janeiro (natural nesse momento do ano), os embarques registraram forte recuperação em fevereiro, sinalizando normalização do processo. Mas ele foi inesperadamente interrompido na primeira semana de março, retrocedendo aos mesmos baixos níveis de janeiro.

À primeira vista não há lógica no argumento de que a queda seja reflexo do movimento caminhoneiro, visto que foi observada quando o trânsito de mercadorias já se encontrava plenamente normalizado. Raciocine-se, porém, em termos de estoques existentes nos portos. Provavelmente, eles possibilitaram o carregamento regular dos navios em fevereiro, mesmo o trânsito em direção aos portos estando interrompido. Porém, como houve interrupção na reposição, o volume da semana seguinte (a primeira de março) acabou prejudicado.

Claro, é apenas uma tese. Mas ela também ajuda a explicar porque o abastecimento interno de carne de frango no decorrer do movimento dos caminhoneiros se manteve em absoluta normalidade, sem qualquer prejuízo dos consumidores. Só pode ser devido à existência de estoques nos centros de distribuição das grandes empresas produtoras.