OMS pede critério científico no “batismo” de novas doenças infecciosas

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Em comunicado divulgado na última sexta-feira, 8, a Organização Mundial de Saúde apelou a pesquisadores, autoridades e meios de comunicação para que adotem melhores critérios na nomeação de novas doenças infecciosas.

O objetivo principal é evitar os efeitos negativos desnecessários sobre determinadas nações, segmentos específicos da economia ou, mesmo, pessoas. A Influenza Aviária – ou “gripe do frango”, como alguns meios de comunicação equivocadamente teimam em usar – é um bom exemplo do mal que a OMS quer superar.

“Diversas novas infecções têm surgido nos últimos tempos. E a adoção de nomes como ‘gripe suína’ ou ‘Síndrome Respiratória do Oriente Médio’ tem, não intencionalmente, desencadeado impactos negativos, estigmatizando determinadas comunidades ou setores econômicos”, diz o Dr. Keiji Fukuda, subdiretor geral para a Segurança da Saúde da OMS.

Fukuda prossegue: “Para alguns isso pode parecer coisa trivial, mas o nome dado às doenças importa para as pessoas afetadas. Por conta disso, nós já vimos reações contrárias a membros de comunidades religiosas ou a determinadas etnias, entraves a viagens, comércio e negócios ou, ainda, o abate desnecessário de animais destinados à alimentação. E tudo isso pode ter consequências graves tanto para as pessoas como para os meios de subsistência dessas pessoas”.

A propósito, a OMS cita que, muitas vezes, as doenças são “batizadas” por pessoas que não pertencem à comunidade científica. Uma vez estabelecido um nome, seu uso comum através da internet e das redes sociais dificulta qualquer correção. Daí ser importante que a primeira informação acerca da identificação de uma nova doença adote nominação que seja ao mesmo tempo apropriada, cientificamente fundamentada e socialmente aceitável.

Para melhor ilustrar o que entende ser “forma equivocada de nominar uma doença”, a OMS cita, entre outras doenças infecciosas cujos nomes causam problemas a setores específicos da atividade econômica, a Influenza Aviária – que, a depender do órgão de comunicação, pode ser identificada como gripe das aves, gripe do frango, etc. E recomenda que, no surgimento de novas doenças infecciosas sejam evitados, por exemplo, nomes relacionados à espécie de animal primariamente afetado. Mas reconhece que suas recomendações não podem ser aplicadas ao que já está estabelecido.