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Parece roteiro de filme de terror: uma superpopulação de javalis está atacando propriedades rurais e destruindo plantações nas regiões da Serra e do meio-oeste de Santa Catarina, causando perdas aos produtores e criadores. Além de danificar plantações, os javalis são agressivos e significam risco às pessoas. Avalia-se que vivam entre 5 mil e 8 mil espalhados por essas regiões.
A maior parte deles habita o entorno do município de Lages e o Parque Nacional das Araucárias, que ocupa parte do território dos municípios de Ponte Serrada e Passos Maia. Quando o alimento escasseia, migram para as propriedades rurais dos municípios de Ponte Serrada, Passos Maia, Água Doce, Vargeão, Faxinal dos Guedes, Irani e Vargem Bonita, onde atacam as lavouras de milho, hortas e até criatórios de aves e suínos. Somente em Campo Belo do Sul foram destroçados mais de 6,3 mil hectares de milho, soja e feijão, causando a perda de 3 mil toneladas de grãos, que correspondem a mais de 50 mil sacas.
A maioria dos produtores não está abatendo os animais e prefere chamar a Polícia Militar Ambiental porque, além de uma série de requisitos e procedimentos para o abate, a tarefa é perigosa. Com frequência, os javalis matam cães de caça e são ferozes contra os caçadores.
Esse problema, que está quase fora de controle, surgiu em 2010, no Planalto Catarinense. À época, atendendo apelo da Faesc, a Secretaria da Agricultura declarou tal animal nocivo à agricultura catarinense e autorizou seu abate por tempo indeterminado, objetivando o controle populacional. A decisão está de acordo com a instrução normativa 141/2006 do Ibama, que regulamenta o controle e o manejo ambiental da fauna sinantrópica nociva.
Esses javalis são da espécie exótica invasora sus scrofa, que provoca elevados prejuízos às lavouras, especialmente de cereais. Vivem em varas de até 50 animais. São selvagens e atacam, principalmente, lavouras de milho, feijão, soja, trigo e pastagens. Em uma noite, destroem hectares.
Apenas profissionais caçadores registrados e licenciados podem fazer o abate dos animais. O problema é que existem poucas equipes para o abate de muitos. Os javalis podem transmitir doenças economicamente graves, como a peste suína africana, peste suína clássica e febre aftosa. Por isso, é proibido o consumo da carne dos javalis abatidos.
São exóticos (não protegidos por leis ambientais), porque cruzam com porcos domésticos e outras espécies selvagens, como porco de mato. As fêmeas produzem em média duas ninhadas por ano e uma média de oito filhotes em cada uma. Por isso, o controle se torna difícil. O macho adulto pesa entre 150 kg e 200 kg, e a fêmea entre 50 kg e 100 kg. Os javalis vieram do Rio Grande do Sul e se tornaram uma presença mortal em Santa Catarina.
*Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc)