Valor Econômico
O mais recente relatório sobre oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), divulgado ontem, reduziu acima do esperado suas estimativas para a colheita - já concluída - de soja nos EUA. Ao mesmo tempo, somou-se à Conab e consultorias para mostrar que o clima favorável levará a uma safra recorde no Brasil. No quadro geral, garantiu que a relação entre oferta e consumo será favorável e que não faltará soja.
Segundo o USDA, os estoques mundiais da oleaginosa chegarão a 82,32 milhões de toneladas no fim de 2016/17, 6,6% mais que na safra passada, apesar de 0,6% menor que o previsto em dezembro. Nos EUA - que tem mais peso para a formação de preços na bolsa de Chicago -, os estoques foram estimados em 11,44 milhões de toneladas, com avanço de 113%. Com isso, a relação entre oferta e demanda de soja ficou em 25% no mundo e em 9,7% nos EUA.
Embora esse quadro mostre excedente de oferta, o preço da soja subiu em Chicago. Isso porque, apesar de os estoques americanos terem subido de forma expressiva, a estimativa é 12,5% inferior à projeção de dezembro. Os contratos para março fecharam o dia a US$ 10,4025 por bushel, alta de 2,8%.
Para o Brasil, a previsão é de um aumento na produção para o recorde de 104 milhões de toneladas (2 milhões de toneladas mais que em dezembro). As exportações também devem crescer, somando 59,5 milhões de toneladas. Se as previsões se confirmarem, Brasil e EUA disputarão de forma acirrada o primeiro lugar no ranking mundial de vendas. O USDA prevê que os EUA exportarão 55,8 milhões de toneladas.
No caso do milho, o USDA indicou uma produção global de 1,037 bilhão de toneladas em 2016/17, ante 1,039 bilhão projetadas em dezembro. Para os EUA, a previsão ficou em 384,78 milhões de toneladas, 2 milhões menos que no mês passado. Com isso, os estoques na passagem da safra deverão somar 220,98 milhões de toneladas. Assim, a relação entre estoque e consumo também será confortável, em 21,05%. Nos EUA, ficará em 19%, diante de um estoque de 59,82 milhões de toneladas. Na bolsa de Chicago, os contratos para maio subiram 0,2%, para US$ 3,6475 o bushel.
O USDA reviu para cima a estimativa de colheita global para o trigo, de 751,26 milhões de toneladas para 752,69 milhões de toneladas. E, como manteve o consumo em quase 740 milhões de toneladas, elevou o estoque em quase 1 milhão, para 253,29 milhões de toneladas. Para os EUA, houve um pequeno ajuste no estoque. Segundo o USDA, o trigo terá uma relação entre consumo e estoque de 34,2% no mundo e de 95% nos EUA.