DCI
A partir deste mês entra em vigor o aumento na participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no Finame agrícola, programa de financiamento de máquinas e implementos, o que, para o setor, auxilia a retomada de investimentos após um ano de crise.
A medida foi anunciada na última semana e veio de encontro com o fim do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), cuja vigência encerrou no dia 31. A participação do banco subirá de 70% para 80% do valor do bem para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) e para a aquisição de bens de capital eficientes.
O financiamento será integralmente em Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), usada pelo BNDES em suas operações. A TJLP foi elevada em dezembro pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de 7% ao ano para 7,50% ao ano e vai vigorar no primeiro trimestre de 2016, informou o BNDES. As mesmas modificações se aplicam à aquisição de ônibus e caminhões.
Crise
O dado mais recente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostra que entre os meses de janeiro e novembro de 2015 as vendas de máquinas agrícolas e rodoviárias encolheram 33,7% contra o mesmo período do ano anterior. Em 12 meses, a comercialização chegou a despencar 59,9%.
Visão otimista
"Acreditamos que a questão do financiamento agora é um problema resolvido. As novas orientações devem trazer uma melhora para o produtor que está preocupado com as lavouras, mas tem tido parcimônia na hora de fazer investimentos maiores", estima o presidente da Coopercitrus, José Vicente da Silva.
Há quase dois meses a cooperativa aumentou suas apostas no segmento de máquinas ao se tornar concessionária da marca New Holland, do grupo CNH Industrial. Com isso, surge a possibilidade de atenderem cerca de 157 municípios em São Paulo. Até o momento, o presidente lembra que a Coopercitrus já era a maior revendedora da marca Valtra no Brasil, companhia integrante do grupo AGCO.
"O que falta é o empresário rural fazer o investimento", afirma Silva. No ano passado, a cooperativa faturou em torno de R$ 2 bilhões, um volume considerado "muito promissor" pela empresa, diante de diversas intempéries do setor agropecuário, como avanço nos custos de produção.
O presidente admite que, em 2015, as vendas de tratores seguiram o movimento negativo do mercado e diminuíram mais de 20% contra o ano anterior. Entretanto, foi possível observar um ganho nos implementos que agregam algum valor ao maquinário, como os de agricultura de precisão. Esta compensação fez com que o desempenho deste segmento encerrasse o ano no azul, a ponto de ser pivô de novas apostas, como a parceria com a New Holland.
Citros e canavieiros
Especialistas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) avaliam em nota que as primeiras impressões da safra 2016/ 2017 de laranja no estado de São Paulo e no Triângulo Mineiro será novamente de bons preços aos produtores. Isto porque não há expectativa de produção elevada e os estoques das indústrias devem fechar a temporada atual (em junho de 2016) no nível estratégico de 300 mil toneladas.
Conforme publicado no DCI, o secretário da Agricultura de São Paulo, Arnaldo Jardim, projeta bons resultados para os produtores de cana-de-açúcar impulsionados pela queda nos estoques açucareiros internacionais e da elevação nos preços do etanol, que atingiu patamares recordes de produção durante 2015.
Os fundamentos de mercados das cadeias citrícola e canavieira dão fôlego para expectativas positivas de aporte em suas respectivas lavouras. "Diferente de outras culturas, a cana e a laranja estão passando por momentos melhores. Estes devem ser dois motes para as vendas de máquinas e implementos neste ano", diz o presidente da Coopercitrus.
Silva ainda cita o desempenho financeiro do suco de laranja que pode melhorar. Resta aumentar a credibilidade do produtor para investir.