DCI
No intuito de não repetir o problema vivenciado em 2015, quando os produtores ficaram sem recursos para o pré-custeio da safra, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, já garantiu R$ 10 bilhões para o ciclo de 2016/2017. A ideia é articular o crédito mesmo diante do ajuste fiscal. A medida foi anunciada na última sexta-feira (8), após uma reunião entre a líder da pasta e o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Na mesma semana, Kátia havia levado este e outros pleitos à uma audiência com a presidente Dilma Rousseff.
Estamos trabalhando desde o ano passado e o Banco do Brasil nos garantiu que tem R$ 10 bilhões da poupança rural e do depósito à vista para o pré-custeio. Isso está solucionado, não me preocupa mais , disse, segundo nota do ministério. A presidente está muito atenta ao pré-custeio porque sabe que a falta dele pode trazer prejuízo para os agricultores , acrescentou Kátia.
No ano passado, o governo disponibilizou R$ 187,7 bilhões pelo Plano Safra, valor 20% superior ao da temporada de 2014/ 2015, porém com aumento nas taxas de juros. Durante a reunião, os ministros negociaram outras formas de financiamento agrícola, para minimizar os efeitos do ajuste fiscal.
O Mapa é parceiro do ajuste fiscal. Não queremos benesses, apenas o que for estritamente necessário. Esse é o setor que dá mais resultados para o País. Por isso, podemos antecipar a discussão e começar a pensar em novas formas de financiamento , disse Kátia.
Promessas
Semana passada, o secretário de Política Agrícola, André Nassar, esteve no município gaúcho de Uruguaiana para um encontro com representantes do setor, em vista das fortes chuvas e prejuízos às lavouras de arroz.
Um levantamento preliminar do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) indica que pelo menos 15% da colheita devem ser perdidos.
Cerca de 30 mil hectares sofreram inundações, sem nenhum aproveitamento da produção. Outras áreas ficaram melhores, mas por falta de luminosidade terão queda na produtividade , explica o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dorneles, entidade participante do encontro com Nassar.
Ao DCI, Dorneles conta que o secretário chegou a prometer que não faltariam recursos para apoio à comercialização da produção e que haveria o retorno do pré-custeio.
A expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em dezembro do ano passado, era de uma colheita de arroz em 8,1 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul - principal estado produtor - prevista para ocorrer entre março e em abril deste ano. Como consequência do fenômeno climático El Niño, a Federarroz acredita que este volume não ultrapassará as 7,4 milhões de toneladas. Na última temporada, os rizicultores gaúchos colheram 8,6 milhões de toneladas.
Não teremos problema com o abastecimento interno, mas haverá um repasse de preço de pelo menos 15% ao consumidor final , diz Dorneles.