G1
O México anunciou no início da noite desta terça-feira (21) a suspensão das importações de carnes brasileiras. A decisão ocorre após a divulgação dos resultados da Operação Carne Fraca.
A Secretaria de Agricultura do México informou, em comunicado divulgado à imprensa, que o Serviço Nacional de Saúde, Segurança e Qualidade Alimentar do país suspendeu a importação de mercadorias pecuárias do Brasil.
Segundo o comunicado, a suspensão vigora desde o dia 19 de março, assim que o governo mexicano recebeu o alerta sanitário por adulteração de carne bovina, e que valerá até que autoridades de saúde brasileiras forneçam evidências científicas e garantias de saúde, qualidade e segurança da carne.
De acordo com informações disponibilizadas pelo Ministério da Agricultura brasileiro, nos últimos 60 dias o México só importou produto de um dos frigoríficos citados na Operação Carne Fraca. O país importou carne congelada de peru do frigorífico da BRF de Mineiros (GO), que está atualmente interditado.
O México não deixa claro se a restrição vale apenas para a carne produzida nos 21 frigoríficos investigados pela Carne Fraca, ou se atinge toda carne brasileira.
Exportações
Em 2016, o México importou cerca de US$ 110 milhões em carnes do Brasil, valor bem inferior ao dos principais compradores do produto brasileiro, como a China (US$ 1,75 bilhão) e Hong Kong (US$ 1,5 bilhão).
No total, as exportações de carnes pelo Brasil no ano passado somaram US$ 13,49 bilhões.
As compras mexicanas em 2016 foram de carne de frango (fresca ou refrigerada, incluindo miúdos) e carne de peru (congelada, fresca ou resfriada, incluindo miúdos), de acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Além do México, pelos menos outros cinco países restringiram, oficialmente, a importação de carne brasileira: Japão, Chile, Suíça, China e Hong Kong - os dois últimos são os principais compradores de carnes do Brasil. A União Europeia também anunciou sanções.
A Coreia do Sul chegou a anunciar a suspensão de importação de frango, na segunda, mas voltou atrás nesta terça.
Argentina
Em comunicado divulgado nesta terça-feira (21), o Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Alimentar (Senasa) da Argentina informou que vai aumentar ainda mais os controles de todos as carnes vindas do Brasil.
No comunicado a Argentina classifica de prudente a decisão brasileira de suspender as exportações dos 21 frigoríficos investigados na Operação Carne Fraca e diz que está acompanhando atentamente os resultados das investigações.
A Argentina informou ainda que dos frigoríficos investigados, somente um exporta para o país.
Segundo dados do Ministério da Agricultura, nos últimos 60 dias só o frigorífico Larissa, em Iporã (PR), exportou para a Argentina. O país comprou carne congelada de suíno sem osso.
A operação
Deflagrada pela Polícia Federal na semana passada, a Operação Carne Fraca investiga corrupção de fiscais do Ministério da Agricultura, suspeitos de receberem propina para liberar licenças de frigoríficos. Segundo a PF, partidos como o PP e o PMDB também teriam recebido propina.
Além de corrupção, a PF também apura a venda, pelos frigoríficos, de carne vencida ou estragada, dentro do Brasil e no exterior.
As investigações envolvem empresas como a JBS, que é dona de marcas como Friboi, Seara e Swift, e a BRF, dona da Sadia e Perdigão, além de frigoríficos menores, como Mastercarnes, Souza Ramos e Peccin, do Paraná, e Larissa, que tem unidades no Paraná e em São Paulo.
Na segunda, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, já havia anunciado a suspensão das exportações dos 21 frigoríficos investigados pela PF. Três deles fora interditados e pararam a produção. Os outros 18 podem continuar a vender dentro do Brasil.
O Ministério da Agricultura também afastou preventivamente os 33 servidores da pasta que são investigados na Operação Carne Fraca. Segundo o ministério, esses servidores vão responder a processo administrativo disciplinar.