Valor Econômico
Aberta oficialmente em 1º de setembro, a safra internacional de grãos 2015/16 começou a gerar suas primeiras colheitas em meio à mesma pressão sobre as cotações que marcou a temporada 2014/15. Para milho, trigo e soja, o ciclo despontou com cotações em patamares bem mais baixos que as médias dos últimos anos e perspectivas negativas, já que os estoques mundiais são confortáveis, não há sinais de grandes quebras de produção e crescem as incertezas sobre a demanda, inclusive em emergentes como a China. Uma boa notícia no que se refere ao custo global dos alimentos, que tende a se manter mais comportado, mas cenário preocupante - ou "desafiador", que está na moda - para produtores e exportadores. Desses três grãos, as commodities agrícolas mais comercializadas no mercado global, o que iniciou 2015/16 com o cenário mais "baixista" é a soja, carro-chefe do agronegócio brasileiro. Em fase de colheita no Hemisfério Norte e de plantio abaixo da linha do Equador, a oleaginosa vem progressivamente perdendo valor em dólar - tendência que, no Brasil, tem sido compensada pela alta do dólar em relação ao real. E boa parte das projeções indica que o fundo do poço não chegou, sobretudo por conta da possibilidade de novas colheitas recorde nos EUA e no Brasil, os maiores países produtores e exportadores globais. Segundo cálculos do Valor Data com base nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega negociados na bolsa de Chicago, o grão caiu 4,57% em setembro em relação a agosto e atingiu o menor nível desde dezembro de 2008. E as apostas dos fundos que atuam nesse mercado apontam para a continuidade dessa erosão. Com o início da colheita americana, os gestores de recursos ("managed money") ampliaram em quase 85% seu saldo líquido vendido na semana encerrada em 22 de setembro, conforme a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), órgão regulador dos EUA. (Veja mais em http://bit.ly/1FI0kvw)