Avisite
Sem mais dispor dos dados oficiais periódicos, o setor recorre ao mercado para tentar acompanhar a evolução mensal do alojamento de matrizes de corte. Descobriu (ou ouviu falar) que 2014 foi iniciado com um volume superior a 4 milhões de cabeças, a maior parte das informações correntes situando o volume efetivo entre 4,3 e 4,4 milhões.
Isso – comenta um industrial da área de frangos – “sinaliza muito mais que um novo recorde no alojamento de reprodutoras (o recorde atual, mantido desde 2011, é de 50,043 milhões de cabeças): acende uma luz amarela, que pode se tornar vermelha, porque o mercado final, tanto interno como externo, continua com espaço, apenas, para uma produção proveniente de, no máximo, 48 milhões de matrizes”.
É preocupação que tem fundamento. E que se agrava na medida em que (todos sabem) o alojamento inicial de cada novo exercício aumenta no decorrer do ano. Assim, por exemplo, se o volume de janeiro ficou em 4,3 milhões de cabeças, o total anual tende a superar os 51,6 milhões (4,3 milhões x 12 meses).
O AviSite comprovou essa ocorrência ao efetuar uma retrospectiva do alojamento de matrizes de corte de 21 anos, ou seja, de 1988 a 2008. Constatou que, normalmente, o alojamento de janeiro está entre os três menores do ano, ficando acima, apenas, dos alojamentos de fevereiro e abril.
Mas isso corresponde ao alojamento nominal. Porque, se considerado o número de dias de cada mês, o menor volume do ano é registrado em janeiro.
Para simples simulação, o gráfico abaixo se ateve ao alojamento mensal nominal, o qual aponta, para janeiro, número de matrizes de corte equivalente a 8,01% do total anual.
No gráfico, supôs-se que o alojamento de janeiro de 2014 ficou em 4,3 milhões de matrizes de corte. E, a partir desse número, projetou-se o possível alojamento no restante do ano tendo por base a média mensal registrada em 21 anos. Resultado: alojamento anual de matrizes de corte superior a 53,6 milhões de cabeças.
Ou seja: se a tendência de pouco mais de duas décadas persistir no restante do exercício, o plantel de reprodutoras de corte pode aumentar, neste ano, mais de 15% - um índice de expansão que prenuncia sérios problemas em 2015, pois, em essência, o mercado final jamais evoluirá nesse nível.