A La Niña deve
persistir apenas por mais um ou dois meses antes de dar lugar à neutralidade no
Oceano Pacífico entre janeiro e março de 2026, segundo o Centro de Previsão
Climática dos Estados Unidos (CPC). A probabilidade de transição para condições
neutras é de 68%, de acordo com a atualização divulgada nesta quinta-feira
(11/12).
O órgão destaca que, mesmo após a volta da neutralidade, a
atmosfera ainda poderá manter traços de La Niña até o início da primavera do
Hemisfério Norte.
Especialistas apontam que, embora as temperaturas da
superfície do mar estejam se aproximando da neutralidade, seus efeitos podem
continuar influenciando chuvas e padrões climáticos globais. Jason Nicholls,
meteorologista da AccuWeather, afirma que ainda há risco de chuvas excessivas
no sul do Brasil, mas não prevê seca significativa em grandes áreas agrícolas
globais nos próximos meses.
Já Donald Keeney, da Vaisala Weather, alerta para a
persistência de clima seco nas Planícies Centrais dos Estados Unidos, o que
pode impactar o trigo duro vermelho de inverno, enquanto o sul do Brasil e a
Argentina tendem a registrar mais chuva com o enfraquecimento do fenômeno.
Apesar das incertezas, analistas da BMI avaliam que os
impactos devem ser limitados, principalmente pela força modesta deste episódio
de La Niña — que não deve atravessar toda a temporada agrícola. Na Argentina, a
boa umidade do solo, a melhor em cinco anos, deve ajudar a mitigar eventuais
períodos mais secos.
Previsões recentes da Organização Meteorológica Mundial
indicam que a fase final da La Niña ainda poderá influenciar eventos de chuva
intensa ou estiagens pontuais, mesmo em um cenário de temperaturas mais
elevadas do que o normal. Já o serviço meteorológico do Japão reforça que o
fenômeno deve perder força rapidamente rumo ao fim do inverno no Hemisfério
Norte.
A transição para neutralidade é vista como positiva para a
produção agrícola global, oferecendo maior estabilidade climática para culturas
sensíveis às oscilações do Pacífico.