Valor Econômico
Segundo o jornal Valor Econômico, o presidente da JBS, Wesley Batista, reafirmou na quinta-feira que o foco da empresa em 2015 será o crescimento orgânico, não as aquisições. “A companhia não vai estar focada em aquisição”, disse o empresário durante teleconferência com analistas. Em entrevista ao Valor, Batista já havia antecipado que essa seria a estratégia da empresa.
Na teleconferência, o presidente da JBS afirmou que, apesar de a empresa ser reconhecida por realizar muitas aquisições, 2015 deve ser mesmo um ano diferente. “Realmente, a gente entende que temos bastante frutos a colher de tudo o que fizemos nos últimos anos”, acrescentou o empresário.
Com menor foco em aquisições e a expectativa de que 2015 seja um ano ainda melhor para a empresa do que foi o ano passado, quando lucrou R$ 2 bilhões, Batista previu que a JBS reduzirá seu nível de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda em doze meses) neste ano. “Em que pese duas vezes ser uma alavancagem bem confortável, vamos assistir a alavancagem continuar se reduzindo”, afirmou.
No fim do quarto trimestre, o índice de alavancagem da JBS foi de 2,1 vezes, queda de 0,4 ponto percentual ante o índice de 2,5 vezes visto no fim do terceiro trimestre. Em 31 de dezembro do ano passado, a dívida líquida da JBS totalizava R$ 25,168 bilhões.
Se novas aquisições não estão no radar, são as aquisições realizadas sobretudo no ano passado que vão impulsionar o “crescimento orgânico” da JBS, indicou Batista. Segundo o empresário, as operações da australiana Primo Smallgoods, comprada no fim de 2014, as empresas avícolas adquiridas pela subsidiária JBS Foods e a retomada da produção de suínos nos EUA sustentarão o crescimento da JBS em neste ano.
Conforme Batista, a Primo tem capacidade de praticamente dobrar a produção de alimentos processados sem a necessidade de investimentos. No caso da JBS Foods, subsidiária que detém a marca Seara e reúne as operações de aves, suínos e alimentos processados no Brasil, o crescimento estará baseado na contabilização anual das operações de carne de frango que pertenciam à avícola paulista Céu Azul, Tyson Foods e Big Frango. Como só incorporou a Céu Azul e os ativos da Tyson no fim do ano passado e os da Big Frango em janeiro deste ano, os resultados dessas operações ainda não apareceram de forma completa no balanço de 2014.
“Se você anualiza todas as aquisições que fizemos durante o ano [passado], somos uma empresa de R$ 18 bilhões em faturamento”, afirmou Batista. No ano passado, o faturamento da JBS Foods totalizou R$ 13 bilhões.
Além dos avanços na Primo e na JBS Foods, Batista também previu uma recuperação da divisão de suínos nos EUA, que no ano passado reduziu o volume produzido por conta do surto do vírus da diarreia suína epidêmica que atingiu o plantel americano.
Ainda sobre as operações nos EUA, Batista minimizou o impacto financeiro da confirmação de casos de gripe aviária no Estado de Arkansas, onde a subsidiária Pilgrim’s Pride tem uma planta. “Acreditamos que terá uma impacto financeiro muito pequeno”, disse ele. No entanto, o executivo admitiu a possibilidade de países embargarem a carne produzida no Estado americano. [Também] acreditamos que vamos assistir alguns mercados fecharem para exportações [dos EUA], mais especificamente do Estado [de Arkansas]”, previu ele.
A despeito desse risco, o presidente da JBS ponderou que as exportações da Pilgrim’s, produtora de carne de frango controlada pela JBS, representam 8% do faturamento da JBS, o que ele considera “administrável”. Além disso, Batista afirmou que o México, um dos principais importadores de produtos da Pilgrim’s, não deve fazer qualquer tipo de restrição. “Na nossa opinião, o México não fecha [seu mercado]”, disse.
Nesse contexto, Batista afirmou que confia na manutenção do nível de margens e rentabilidade da Pilgrim’s. “Veremos pouco ou nenhum impacto”, avaliou.