Influência do ovo e do frango na inflação de 2015: menor que a apontada pelo IBGE

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De acordo com os resultados divulgados pelo IBGE na última sexta-feira (7), frente a uma inflação de 10,67% em 2015, o ovo de galinha apresentou incremento de preços da ordem de 18,55% e o frango inteiro de 13,42%. Assim, só os cortes de frango tiveram influência menor na inflação anual, pois seus preços variaram apenas 3,43%.

Tais resultados, porém, são de difícil compreensão quando comparados com a variação de preços ao nível do produtor ou, mesmo, no setor atacadista. Caso do ovo, por exemplo: em 2015 teve, na granja, reajuste anual da ordem de 14%, índice que, no atacado, apresentou variação de pouco mais de 12% (bases: ovo branco extra no interior de São Paulo e no atacado da cidade de São Paulo). Será que a “sanha” dos atacadistas foi assim, tão voraz, a ponto de aplicarem no varejo um aumento de preços (+25,75%) equivalente a mais do dobro do atacado (+12,49%)?

A explicação, na verdade, é outra. E está relacionada à metodologia adotada. Pois, em seus cálculos, o IBGE se limita a tomar como parâmetros os preços do último mês de cada exercício. Assim, o que aponta, na realidade, é a variação anual de um mês específico (no caso, dezembro de 2015 x dezembro de 2014), não a variação média anual.

Confirmam esse fato os dados semanais do Procon-SP, cujos levantamentos são independentes do IBGE. Conforme o órgão da Justiça paulista, na média das cinco semanas de dezembro de 2015 o ovo foi adquirido pelo consumidor da cidade de São Paulo por cerca de R$4,95/dúzias. E esse valor, comparado com o que foi registrado na média das mesmas cinco semanas de 2014 (R$3,93/dúzia), significa variação de 25,95%, praticamente o mesmo índice do IBGE.

Mas isso – é sempre bom ressaltar – corresponde à variação em relação a dois meses específicos (dezembro contra dezembro), não à média anual. Esta, tomados os dados do Procon-SP, foi de 6,27%, menos de um quarto da variação apontada no IPCA.

Como isso se aplica também ao frango e a todas as capitais pesquisadas pelo IBGE, pode-se concluir que os produtos da avicultura não pesaram tanto sobre a inflação de 2015.

Abaixo, além da tabela contendo as variações apontadas pelo IBGE para o ovo, o frango inteiro e os cortes de frango, gráfico mostrando a evolução semanal dos preços do ovo na cidade de São Paulo em 2014 e 2015. É fácil constatar que na maior parte dos dois períodos os preços correram quase em paralelo, as grandes diferenças só acontecendo no final do exercício – sem, portanto, elevar significativamente a média anual.



Data da Notícia: 12/01/2016
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