Poultry WorldA União Russa de Avicultura entregou carta ao Ministério da Agricultura pedindo a suspensão da exportação de trigo, milho, farelo de soja, aminoácidos, vitaminas, embalagens, equipamentos e ovos para incubação, citando preocupações sobre a estabilidade da indústria em meio à continuação da guerra na Ucrânia.
O Ministério aderiu preliminarmente à proposta de restrições à exportação, dizendo que isso estabilizaria a situação atual no mercado russo de rações, informou o jornal russo Kommersant .
Preços de rações disparam
Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, o rublo russo despencou 40% em relação à moeda forte, provocando preocupações inflacionárias, já que os preços no mercado doméstico costumavam seguir os preços de exportação, baseados em dólar.
Nesse contexto, o Ministério do Desenvolvimento Econômico da Rússia suspendeu, a partir de 10 de março, a exportação de grãos e açúcar para os países da União Econômica da Eurásia – bloco comercial formado por Rússia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão e Armênia.
Andrey Grigorashchenko, vice-presidente da produtora russa de perus, Damate , afirmou que nos últimos 2 meses, o preço dos farelos de girassol e colza na Rússia aumentou 20%. O preço do farelo segue a dinâmica da taxa de câmbio, disse Grigorashchenko, acrescentando que, em vez de limites, as autoridades deveriam considerar a introdução de cotas na exportação de grãos ou uma combinação de cotas e taxas flutuantes.
Problemas com genética e aditivos
Como a Rússia está sujeita ao ostracismo no mercado global, a indústria avícola provavelmente sofrerá sérias consequências, afirmou Eugenia Serova, diretora de política agrária da Escola Superior de Economia da Rússia, durante a conferência Crop Production Russia 2022, realizada em Moscou.
Serova disse que todos os cruzamentos genéticos atualmente usados na Rússia são importados, o que significa que em termos de genética, a Rússia depende completamente de países estrangeiros. Além disso, há uma forte dependência de aditivos alimentares, acrescentou.
Os avicultores russos atualmente importam 80% dos aditivos alimentares, principalmente da União Européia. Em alguns produtos, a dependência de importação chega a 100%.
Vladimir Fisinin, presidente da Rospritsesoyuz, a entidade dos avicultores russos, confirma que 99% dos híbridos são importados pela Rússia. Ele explicou que não há linhagens puras, mas 58 produtores de ovos para incubação e várias granjas com matrizes operam no país.
“Tal situação nos permitirá permanecer 2 anos sem importação”, disse Fisinin, acrescentando que, durante esse período, a avicultura russa poderá ampliar a produção de sua primeira linhagem doméstica, Smena 9 , que se mostrou similar, em termos de rendimento, em comparação com os híbridos ocidentais.