Informe OCB
No trimestre, a retração pode superar 1% na comparação com o período anterior, o que reforça a avaliação de que o Produto Interno Bruto (PIB) teve outro tombo forte no terceiro trimestre, após a retração de 1,9% registrada entre abril e junho.
Estimativa média- Segundo estimativa média de 19 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o indicador, que tenta reproduzir o comportamento mensal do PIB, caiu 0,5% em setembro, após retração de 0,8% em agosto, feitos os ajustes sazonais. As projeções para o IBCBr, que deve ser divulgado hoje, vão de queda de 0,03% a 0,8%. Na comparação com setembro do ano passado, a expectativa média é de que a atividade recuou 6,1%.
Piora - A piora tem sido consistente e disseminada, afirma Julia Araújo, economista do Banco Fator, com destaque para a produção industrial, que encolheu 1,3% entre agosto e setembro, feitos os ajustes sazonais. Na comparação trimestral, a retração do segmento foi ainda maior, de 3,2%. "A indústria sofre mais com a crise, mas comércio e serviços também pioraram", diz.
Terceiro trimestre - No terceiro trimestre, as vendas do varejo ampliado caíram 2,9%, enquanto o setor de serviços, que costuma ser menos volátil, também mostra números negativos. Divulgada nesta terça-feira (17/11), a Pesquisa Mensal dos Serviços mostrou que o volume de vendas no setor caiu 4,8% em setembro, na comparação com igual período de 2014, com recuo em todos os segmentos.
Indicadores - "Os demais indicadores que acompanhamos, como volume de exportação e importação, expedição de papel ondulado e fluxo de veículos pesados em rodovias pedagiadas, todos apontam para baixo", afirma Julia. Por isso, a economista estima queda de 1,2% do IBCBr na passagem trimestral. "É um forte indício de que nesse período a atividade continuou a piorar." O Fator calcula que o PIB encolheu 1,9% entre julho e setembro, mesma taxa do segundo trimestre.
Queda menor - Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria, estima queda um pouco menor do IBCBr na passagem mensal, de 0,2%. Ainda assim, o indicador deve encerrar o trimestre com contração de 1,1%, em linha com a queda de 1% estimada pela consultoria para o PIB no período, afirma.
Quarto trimestre - Para Julia, do Fator, os números ruins do terceiro trimestre não garantem que a economia do país já chegou no fundo do poço. "O quarto trimestre não deve ser muito melhor", comenta. Para ela, a estabilidade mostrada por alguns indicadores de confiança no mês passado refletem mais o fato de que as expectativas pararam de se deteriorar "na avaliação de que pior do que está não fica" do que uma melhora de fato da percepção sobre a conjuntura.
Investimento - "O investimento deve continuar a ter queda muito forte, tanto neste quando no próximo ano, já que o BC tem dito que a taxa de juros deve permanecer alta por tempo prolongado, o mercado de trabalho continua a piorar e a confiança das famílias segue em nível muito baixo", avalia a economista.