AviSite
Tomando-se como referenciais o preço do frango vivo comercializado no interior paulista e o custo de produção levantado pela Embrapa Suínos e Aves é possível concluir que há mais de três anos o valor recebido pelo produtor evolui aquém do que é gasto na produção.
O ponto de partida dessa análise é janeiro de 2010, ocasião em que a Embrapa Suínos e Aves iniciou os levantamentos mensais do custo de produção do frango. No gráfico abaixo, o valor então registrado – pouco mais de R$1,29/kg – foi igualado em 100, idêntico procedimento sendo aplicado à cotação do frango vivo (à época, R$1,58/kg).
Desde então e nos 60 meses decorridos até o final de 2014 (cinco anos), os dois itens – custo e preço – apresentaram índices de evolução relativamente próximos, quando não iguais. Em novembro de 2014, por exemplo, o custo de produção do frango havia aumentado 67% em relação a janeiro de 2010, enquanto o preço recebido pelo frango vivo aumentou 69% - dois pontos percentuais a mais.
A partir de 2015, porém, essa “harmonia” desaparece. A ponto de, no ano seguinte, apresentar diferenças assustadoras, pois enquanto o custo permanecia em alta contínua, o preço recebido pelo produtor recuava em decorrência de uma economia extremamente fraca. Assim, no encerramento do primeiro semestre de 2016, enquanto o custo registrava incremento superior a 140%, o valor recebido pelo frango vivo acumulava variação de, praticamente, 60% - uma diferença, agora a menos, de 80 pontos percentuais.
A decorrente queda da produção de frangos (muitos produtores foram alijados do mercado ou perderam as condições de manter uma produção normal) combinada com incisivo retrocesso nos custos (pela regularização no abastecimento de matérias-primas alimentares) possibilitou a redução dessa grande diferença.
Mas há mais de 36 meses o preço recebido pelo produtor apresenta evolução aquém daquela registrada pelos custos. Em janeiro passado, conforme a Embrapa Suínos e Aves, o custo do frango registrou evolução de 92,28% em relação a janeiro de 2010. Já o preço recebido pelo produtor registrou variação de 62,66%, quase 30 pontos percentuais a menos.