Avicultura Industrial
Um dos resultados do I Simpósio Brasileiro de Bem-estar na Produção de Ovos - SBBEPO, realizado no dia 26 de maio, em Piracicaba/SP, foi a redação de uma carta aberta que objetiva conduzir um grupo de trabalho que irá criar normativas sobre boas práticas na produção de ovos.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves Paulo Abreu, um dos organizadores do evento, a carta reflete as discussões que ocorreram durante o seminário e as propostas que o grupo tem para a questão de bem estar na avicultura. "Queremos reforçar que estamos atentos e atuando numa questão sensível à cadeia produtiva de ovos e qualquer mudança deve ocorrer de maneira consensual e sem imposições". Outro resultado foi a definição de um grupo de trabalho para atuar na proposta de normas e de uma Nota Técnica.
Segundo conclusão redigida, de acordo com contexto global verifica-se que a cadeia produtiva de ovos brasileira está vulnerável no que diz respeito às questões éticas que envolvem o uso de gaiolas em função dos avanços científicos e tecnológicos. Assim, existe um crescimento da conscientização da sociedade sobre a necessidade de sistemas produtivos que respeitem o bem-estar e o comportamento das galinhas poedeiras, demandando uma reestruturação do sistema produtivo nacional.
“Sabendo que tecnologias existentes no exterior não atendem as especificidades brasileiras, a sustentabilidade social e econômica da cadeia depende de políticas públicas que auxiliem a sua transformação incluindo:
Apoio financeiro das agências de fomento (CNPQ, CAPES) e MCTI, MAPA, MEC para a implantação e consolidação de linhas específicas em bem-estar animal, sobre os diferentes sistemas de produção de ovos, o melhoramento genético para linhagens de aves mais bem adaptadas aos sistemas alternativos, as tendências de consumo, os métodos de mensuração de bem-estar animal na produção brasileira, entre outras.
Ampliação da transparência da cadeia, aprimorando a comunicação entre o setor produtivo e a sociedade, por meio da melhoria das regras de rotulagem de alimentos, indicando claramente os sistemas produtivos adotados e incluindo a padronização da rotulagem em diferentes níveis de inspeção.
Desenvolvimento de ações integradas envolvendo academia, setor produtivo e ONGs, incluindo orientações para gestão de crises.
Criação de um sistema nacional de coleta e banco de dados em bem-estar animal na cadeia produtiva para livre acesso da sociedade.
Estruturação de programas de capacitação continuada de recursos humanos envolvidos com a cadeia produtiva, incluindo produção, transporte, indústria e varejo.
Sensibilização de agências de fomento para linhas de crédito aos produtores para incentivo a transição de sistemas de produção.
Acompanhamento do movimento de transição visando a inclusão de todos os produtores e a manutenção da diversidade de sistemas produtivos que favoreçam o bem-estar das galinhas poedeiras.
Garantia de acesso dos consumidores de todos os níveis socioeconômicos aos produtos com valor agregado.
Promoção de fóruns para troca de experiências técnicas divulgando casos de sucesso na adoção de novos sistemas na realidade brasileira.
Consolidação de uma força-tarefa nacional para promover a estratégia nacional para adoção do bem-estar e sustentabilidade da cadeia produtiva de ovos.
Formalização de um grupo de trabalho para:
1) a elaboração de normativas sobre boas práticas de produção de ovos;
2) publicação imediata de Nota Técnica elaborada em conjunto por ONGs, academia e setor produtivo, com orientações objetivas para apoio técnico na transição de sistemas; e
3) estruturação de um plano de trabalho incluindo cronograma de execução das ações aqui sugeridas.