Greve dos caminhoneiros paralisa o País, afeta transporte de grãos e prejudica mercado avícola

Avicultura Industrial

A paralisação dos caminhoneiros atinge até o momento 12 estados. São eles: PA, CE, BA, ES, SP, GO, MG, MS, MT, PR, RS e SC. A greve já dura sete dias. O movimento tem prejudicado a vazão de grãos - como milho e soja - uma vez que 70% da produção brasileira é transportada pelas rodovias brasileiras. Resultado: falta matéria-prima prima para ração nos principais pólos produtores de proteína animal do País. Produtores de aves estão enfrentando dificuldades no abastecimento de insumos e liberação de cargas perecíveis em meio aos vários piquetes armados por frentes sindicais de caminhoneiros. Eles advertem que a suspensão da nutrição animal poderá gerar mortandade maciça nos planteis e graves problemas sanitários, com reflexos mercadológicos no Brasil e no mundo.

Os motivos dos protestos apontados pelos caminhoneiros que paralisam rodovias brasileiras são aumento do preço do diesel, a cobrança de pedágio por eixo suspensos dos caminhões, que passou a valer em 2013, e o valor do frete, que, de acordo com eles, não corresponde ao aumento salarial dos trabalhadores. Representantes ligados a cadeia avícola acreditam que as reivindicações da classe caminhoneira é justa, no entanto, repudiam atos violentos ou que prejudiquem de forma desastrosa os segmentos da economia brasileira que dependem destes profissionais.

O presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, informou que desde sábado (21/02), tem recebido diversos relatos de produtores e agroindústrias de aves e suínos, sobre os problemas causados pela paralisação no país. Os piquetes afetam regiões produtoras de aves e suínos, em especial, no Sudeste e no Sul. "Entendemos que é fundamental ao poder executivo e às representações dos caminhoneiros agilizarem as negociações pelo fim imediato da greve. São gravíssimos os prejuízos causados com animais sem ração, linhas de produção paradas e produtos que não são entregues. Temos uma crise de abastecimento acontecendo, o que coloca em risco a segurança alimentar de toda a população", alertou com exclusividade ao portal Avicultura Industrial, Francisco Turra. "A paralisação também pode afetar o fluxo das exportações dos setores, em um momento econômico delicado. Estamos em um período de recuperação, após o desempenho negativo registrado, no mês de janeiro, em aves e suínos. Há grande preocupação, neste sentido, quanto aos impactos econômicos que a possível redução dos embarques poderá causar", aponta.

Em nota:
O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) divulgou nota afirmando que não é contrário ao movimento, mas não concorda que a reinvindicação por melhores condições de trabalho seja feita sobrepondo-se às necessidades logísticas diárias de diversas atividades fundamentais para a economia do país. "Especificamente no caso da avicultura paranaense, existem atualmente milhares de aves que precisam ser alimentadas. A partir do momento em que a soja e o milho não chegarem mais nas fábricas de rações, o risco é de que fique comprometida toda a produção avícola do maior estado produtor e exportador de carne de frango do Brasil. O Sindiavipar solicita com urgência que as entidades governamentais dialoguem com a categoria manifestante a fim de que sejam encerrados os bloqueios nas estradas e evitem-se, assim, maiores prejuízos para as indústrias produtivas", divulgou a entidade em comunicado.

Para o Diretor Executivo do Sindicato das Indústrias de Carne e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne) e da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), Ricardo de Gouvêa, a greve atingiu um estágio crítico e ameaça inviabilizar o funcionamento das indústrias de processamento de leite, carnes e grãos gerando milhões de reais em prejuízos para toda a cadeia produtiva de SC. "Essa conduta dos grevistas está estrangulando a economia regional”, expõe Gouvêa. "Todo o transporte regional de matérias-primas do campo para a indústria [leite e carga viva] e das indústrias para os produtores rurais [rações, pintinhos, leitões, remédios, sementes, etc.] está paralisado".

Representantes das cadeia de insumos e carnes já alertaram o governo Federal sobre os graves e nocivos efeitos da greve dos caminhoneiros. Eles reiteram a importancia de um entendimento. Uma reunião ocorre neste momento [nota publicada hoje -25/02 - as 11h] em Brasília (DF) em busca de soluções. Preocupado com o impacto político e econômico do bloqueio das rodovias, o governo também se reunirá nesta tarde na capital federal com caminhoneiros e empresas de transporte que estão promovendo a greve para resolver o impasse o mais rápido possível.



Data da Notícia: 25/02/2015
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