Redação AI/SI
A paralização dos caminhoneiros que atinge 12 Estados brasileiros já reflete em prejuízos para a indústria de carnes. Com a greve, todo o transporte de matérias-primas do campo para a indústria (leite e carga viva) e das indústrias para os produtores rurais (rações, pintinhos, leitões, remédios, sementes etc) está paralisado. As empresas também estão impedidas de escoarem seus produtos acabados e prontos para consumo. Como consequência deste problema de abastecimento, a indústria frigorífica tem interrompido suas atividades em diversas regiões do Brasil.
Na segunda-feira (23/02), a Aurora anunciou a interrupção nas atividades de 15 unidades em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. O mesmo fez a BRF que, por falta de matéria-prima para fabricação de ração, suspendeu as atividades das fábricas de Francisco Beltrão e Dois Vizinhos, ambas no Paraná. Ontem (24/02), foi a vez da JBS anunciar a paralisação de oito unidades de produção de suínos e aves no Paraná e Santa Catarina. Em nota a Cooperativa Agroindustrial Lar informou nesta tarde (25/02), que a Central Frimesa interrompeu hoje o abate de suínos e a recolha de leite permanece cancelada desde ontem. Há informações de que a empresa Alibem (Santo Ângelo) também suspendeu atividades de três plantas no Rio Grande do Sul, assim como Cotrijuí e Majestade, no mesmo Estado.
De acordo com Fabiano Coser, diretor da Coser Agropecuária, a paralisação de frigoríficos de aves e suínos provoca um efeito cascata ao longo de toda cadeia produtiva a montante da indústria. O planejamento da produção agropecuária nestas cadeias produtivas é rigorosamente calculado, onde cada dia a mais que o abate fica paralisado provoca uma tensão no campo pela falta de espaço nas granjas de suínos; aumento do risco de mortalidade nos aviários; aumento da conversão alimentar com perda de competitividade dos lotes e prejuízos para o produtor; peso dos animais acima do ideal para o abate com prejuízos para a indústria; e consequentemente desequilíbrio nas relações de mercado. "A situação é alarmante e terá reflexos negativos na produção de carnes em médio e longo prazo", avalia Coser. "Hoje temos de tomar cuidado com medidas especulativas de preço, aumentos desnecessários que provocarão forte impacto na inflação, que já está em patamares bem elevados. Também devemos observar o comportamento de nossos planteis diante desses entraves. No médio e longo prazo certamente teremos uma perda de competividade, devido ao atraso de abates de animais, o que resultará em queda de preços da produção e prejuízo ao produtor".
Rogério Kerber, diretor executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Suínos (SIPS) do Rio Grande do Sul, espera que governo e grevistas chegem a um consenso o mais breve possível. Ele salienta que o movimento de paralisação está mais atuante no RS - Estado com maior bloqueio de estradas - e por isso a situação é alarmante. "A cada dia novos frigoríficos suspendem as atividades no Estado por conta desta greve. Prejuízos já são contabilizados. O cenário atual não é nada animador. Agora, estamos na expectativa dos resultados dessas reuniões entre manidfestantes e governo", pontua Kerber.