Com Agências
Em vista de uma possível elevação na temperatura média global em 2 ºC até o final do século, as principais nações estão reunidas em Paris, na França, para debaterem ações de mitigação nas emissões de carbono. O Brasil se comprometeu em reduzir 43% dos gases do efeito estufa entre 2005 e 2030 e a melhoria na agropecuária é uma das medidas.
Durante a abertura da 21ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21), ontem (30), a presidente Dilma Rousseff defendeu a criação de um acordo entre os países. Sobre o Brasil, ela destacou em seu discurso que "ao longo da última década, as taxas de desmatamento na Amazônia caíram cerca de 80%", visto que a questão da derrubada das florestas é uma das principais causas do efeito estufa, ao lado da queima de combustíveis fósseis.
Até 2030 o objetivo é atingir o desmatamento ilegal zero no País. Entretanto, a área desmatada chegou a cerca de 5,8 mil quilômetros quadrados em 2014, equivalente ao tamanho de Brasília (DF).
Para a engenheira agrônoma e coordenadora da Iniciativa de Clima eAgricultura do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola(Imaflora), Marina Piatto, fica claro o avanço da fronteira agrícola, que estava no cerrado, em direção aos estados do Norte, invadindo a Amazônia. "Estados como Rondônia, Pará, Amazonas, que não apareciam como emissores deste setor na última década, ganham importância. Existem várias fazendas que já estão usando as práticas de baixas emissões recomendadas, mas o problema é que ainda são poucas, ainda não ganhou a escala que seria desejável, mas já existe um movimento, já está acontecendo", explica a especialista.
Medidas
"Nosso desafio é restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas e outros 15 milhões de hectares de pastagens degradadas", declarou a presidente, após citar o programa Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC) entre as medidas já implementadas, além da ampliação no uso das energias renováveis.
Segundo Marina, outro ponto importante é a utilização de práticasagrícolas como integrar a floresta, a lavoura e a pecuária, diminuir o uso dos fertilizantes com nitrogênio, a ampliação do sistema de plantio direto na palha e a intensificação moderada da pecuária de corte - pois parte dos cases são emitidos pelos bois.
A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) apoiou a criação da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, oficializada na última terça-feira (24), cujo objetivo é propor políticas públicas, ações e mecanismos financeiro/ econômicos para estimular a agricultura competitiva e de baixo carbono, incluindo pecuária e florestas plantadas.