PorkWorld
O ano de 2016 chega ao fim com perspectivas melhores que as manifestadas pelo setor ao final do primeiro semestre. É fato que a crise econômica que atingiu o país – gerando desemprego e retraindo os níveis de consumo - também afetou o setor de proteína animal, mas parte dos fatores que influenciaram este cenário desafiador está mais ameno. Exemplo disto é o preço do milho, que encerra o ano com valores abaixo de R$ 40 pela saca de 60 quilos – significativamente menor que os valores praticados meses atrás, que superaram R$ 60. A oferta no Paraguai e na Argentina, além da recentemente autorizada importação dos Estados Unidos, deverão reduzir a pressão sobre a cotação do insumo no próximo ano. Outro ponto de atenção do setor, o câmbio apresentou melhoras no terceiro trimestre, se aproximando, em determinados momentos, de R$ 3,50 por dólar – valor considerado ideal pelos exportadores de aves e de suínos.
Entretanto, outros fatores como escassez de crédito e juros elevados se mantiveram como um dos mais duros obstáculos para as agroindústrias avícolas e suinícolas. Ao mesmo tempo, como consequência da soma dos fatores “crise econômica” e “alta dos insumos”, a produção de carne de frango em diversos polos produtores desacelerou fortemente em relação às previsões iniciais para o ano, que eram de 13,6 milhões de toneladas. O bom desempenho das exportações, contudo, reduziu os efeitos deste cenário. Apesar de sofrer os mesmos impactos que os produtores de aves, a cadeia produtora de carne suína foi estimulada pela forte elevação das exportações, o que permitiu expandir a produção, mesmo com retração da oferta interna dos produtos.
Favorecido por seu preço nas gondolas do Brasil, o setor de ovos foi o menos impactado pela crise econômica, registrando apenas leves quedas na produção e no consumo per capita. Com as melhores condições de venda no mercado interno, as exportações do segmento apresentaram rendimento inferior ao alcançado em 2015. Para o próximo ano, alguns fatores devem favorecer os negócios dos setores, tanto internamente, quanto no mercado internacional. No mercado brasileiro, a possível recuperação econômica poderá influenciar os níveis de consumo das proteínas, melhorando a oferta interna e reestabelecendo patamares per capita semelhantes aos de 2015. Para as vendas externas, o status sanitário do setor avícola brasileiro poderá ser determinante para o incremento dos negócios com os diversos mercados recentemente afetados por focos de Influenza Aviária. Outros países, que determinaram bloqueio comercial aos produtores afetados pela enfermidade, também poderão buscar no Brasil a complementação para o abastecimento de carne de frango. Vale lembrar que a avicultura brasileira é a única do mundo a nunca registrar focos da doença.
Além disto, o fim da suspensão da habilitação de determinadas plantas para o mercado da China deve incrementar os embarques. Também o chamado “efeito Trump” pode se manifestar nas vendas de aves para o México, que recentemente expandiu a cota de importação para a carne de frango do Brasil. Já para as exportações de suínos, é esperada para o próximo ano a concretização da abertura do mercado da Coreia do Sul, um dos maiores importadores de carne suína do mundo. Também há boa expectativa quanto à habilitação de novas plantas para a China e a liberação da venda direta de carne suína do Brasil no varejo da África do Sul. O “efeito Trump” também pode viabilizar a abertura do mercado mexicano para os embarques de produtos suinícolas made in Brazil.