Cepea
Segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, nem mesmo a demanda interna limitada, por conta da crise econômica, impediu as altas nas cotações. A rentabilidade ao longo da cadeia, no entanto, foi corroída pelos elevados custos de produção em 2016.
No atacado da Grande São Paulo, o frango inteiro congelado chegou a ser negociado a R$ 4,60/kg em outubro, recorde nominal, considerando-se toda a série histórica do Cepea para este produto, iniciada em 2004. Para o frango resfriado, o valor médio, de R$ 4,66/kg em outubro, também foi o maior da série.
Em dezembro/16, o preço médio da carne resfriada negociada no atacado da Grande SP foi de R$ 4,25/kg e o da congelada, de R$ 4,26/kg, 3,45% e 4,12% superiores aos de dezembro/15, em termos nominais. Para o animal vivo, na mesma região paulista, a média do último mês de 2016 foi de R$ 3,01/kg, ligeiramente abaixo (0,85%) da verificada em dez/15.
O aumento nos custos foi expressivo em 2016, especialmente no primeiro semestre, em decorrência dos patamares recordes nos preços do milho. Segundo levantamentos da equipe de Grãos/Cepea, o cereal atingiu média de R$ 53,36/saca de 60 kg em junho na região de Campinas (SP). No caso da cadeia do frango, predominantemente formada por sistema integrado de produção, quem arcou com esses aumentos foram as agroindústrias e cooperativas.
A alta no preço do milho esteve atrelada à baixa disponibilidade interna, devido à quebra na produção e ao forte ritmo das exportações no primeiro semestre. De janeiro a junho, o Brasil exportou 12,3 milhões de toneladas do cereal, volume muito superior às 5,3 milhões de toneladas embarcadas no mesmo período de 2015, segundo dados da Secex. Com os estoques acabando e necessidade de suprir a demanda de avicultores integrados, agroindústrias e cooperativas aumentaram as importações de milho no segundo semestre. De julho a novembro/16, as compras somaram 1,92 milhão de toneladas, sendo 929 mil toneladas provenientes da Argentina e 991 mil toneladas, do Paraguai.
Outra medida adotada pelo setor foi a redução no alojamento de pintainhos, diante das exportações abaixo do esperado e do receio de que a crise econômica enfraquecesse fortemente a demanda interna, o que intensificaria uma “sobreoferta” doméstica.
Segundo dados da Apinco (Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte), o volume de animais alojados iniciou o ano em patamar recorde, somando 1,66 bilhão de cabeças no primeiro trimestre. Já no segundo trimestre, a quantidade foi reduzida para 1,63 bilhão de cabeças e, no terceiro, para 1,56 bilhão.
No front externo, os embarques de carne de frango in natura totalizaram 3,96 milhões de toneladas em 2016, volume 1,9% superior ao do mesmo período de 2015, segundo a Secex. No início do ano, o dólar valorizado deixou a carne nacional mais competitiva no exterior. Porém, a gradativa desvalorização da moeda norte-americana foi reduzindo essa vantagem. O fato é que o setor esperava resultados melhores.
A China foi o país que mais se destacou entre os importadores em 2016, adquirindo 451 mil toneladas da carne brasileira até novembro, 174 mil toneladas ou 62,9% a mais que no mesmo período de 2015.