Frango vivo x inflação: ciclo de preços (quase) decenal?

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Ao contrapor-se a evolução do preço médio anual do frango vivo (base: granja, interior de São Paulo) aos índices de inflação (também anuais) levantados pelo IBGE (IPCA) constata-se que na maior parte da década inicial de instituição do atual padrão monetário brasileiro, o real, os preços recebidos pelo frango vivo evoluíram bem aquém da inflação (Gráfico I).

Nesse espaço de tempo, a defasagem existente em relação à inflação só foi corrigida no nono ano de implantação do real, ou seja, em 2003, ocasião em que a cotação alcançada pelo frango vivo apresentou, em relação a 1994, aproximadamente o mesmo índice de evolução acumulado pelo IPCA.

Porém, como mostra o mesmo Gráfico I, essa ocorrência foi efêmera, pois já no ano seguinte o preço alcançado pelo frango vivo nas granjas paulistas evoluiu aquém da inflação então acumulada.

O curioso é que, estendido o mesmo estudo a idêntico período subsequente (2004 a 2014) chega-se a resultado praticamente idêntico ao anterior. Pois o que muda, apenas, é o ritmo mais lento de evolução da inflação e, também, do preço do frango (Gráfico II).

Assim, enquanto no período encerrado em 2004 a inflação acumulou variação de cerca de 135%, a variação do período seguinte caiu a menos da metade desse índice, acumulando variação da ordem de 65%. No tocante ao frango, porém, o comportamento foi idêntico ao da década anterior: preços inferiores aos da inflação nos oito primeiros anos do período, com pequeno ganho no nono ano.

Por ora – isto é, entre janeiro e setembro de 2014 – o preço recebido pelo frango evolui a um ritmo inferior ao da inflação e, com isso, volta a registrar evolução inferior ao do índice acumulado do IPCA. Vem daí a questão: estaria se iniciando um novo ciclo?