EUA sugerem conversas depois que China retalia em luta comercial

Reuters

A administração do Presidente Donald Trump disse nesta quarta-feira que conversas com Pequim podem resolver a luta comercial entre os Estados Unidos e a China que está se intensificando depois que os chineses retaliaram contra as propostas dos EUA de impor tarifas de até 50 bilhões de dólares em produtos chineses visando importações-chave norte-americanas com impostos similares.

Apenas 11 horas depois que a administração Trump ter proposto tarifas de 25 por cento em quase 1.300 produtos industriais, tecnológicos, médicos e de transporte chineses, a China respondeu com uma lista de impostos similares sobre importações-chave dos EUA, incluindo soja, aviões, carros, carne e químicos.

Os mercados acionários globais, com medo de uma guerra comercial entre as duas maiores potências econômicas do mundo, foram abalados pelas salvas de tiros entre a China e os EUA, mas conseguiram recuperar uma parte das perdas desde então.

O presidente dos EUA, Donald Trump, negou que as medidas correspondam a uma guerra comercial entre as duas maiores potências econômicas do mundo.

“Não estamos em uma guerra comercial com a China, essa guerra foi perdida há muitos anos pelos tolos, ou incompetentes, que representavam os EUA”, escreveu Trump no Twitter.

Perguntado por repórteres fora da Casa Branca se os EUA poderiam perder uma guerra comercial, o principal conselheiro econômico de Trump, Larry Kudlow, disse “não. Eu não vejo dessa maneira. Isso é uma negociação, usando todas as ferramentas”.

“O que se tem são os estágios iniciais do processo que incluirá tarifas, comentários sobre as tarifas, e então uma decisão final e negociações. Já há conversas acontecendo nos bastidores”, disse Kudlow separadamente à Fox Business News.

O secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, disse à CNBC que “não seria nem um pouco surpreendente se o resultado líquido disso tudo fosse algum tipo de negociação”.

Se os dois países não conseguirem encontrar uma maneira de resolver a disputa, uma guerra comercial em grande escala poderia desestabilizar as relações comerciais entre os EUA e a China, um componente importante para a economia global.

As novas tarifas comerciais não serão aplicadas imediatamente, então talvez haja espaço para manobras. A publicação da lista de Washington inicia um período de consulta pública que deve durar cerca de dois meses. A data efetiva das mudanças chinesas depende de quando a ação dos EUA entrar em vigor.

A resposta rápida e forte da China para as tarifas dos EUA inicialmente estimulou uma liquidação dos mercados acionários dos EUA, com o Dow Jones caindo 2 por cento na abertura, mas recuperando o terreno positivo ao longo da sessão.

As ações da gigante de aeronaves Boeing Co, a única grande exportadora norte-americana para a China, tropeçaram 2,7 por cento enquanto a fabricante de maquinário agrícola Deere & Co escorregou 4,5 por cento e as da Carterpillar caiu 1,8 por cento.

Enquanto Washington visou produtos que beneficiam a política industrial da China, incluindo a iniciativa “Made in China 2025” de substituir importações de tecnologia avançada por produtos domésticos em indústrias estratégicas como TI avançado e robótica, a lista de Pequim aparentemente foi feita sob medida para inflingir danos políticos.

A lista de Washington foi preenchida com muitos itens industriais obscuros, mas a lista da China afeta produtos importantes de exportação dos EUA, como soja, carne congelada, algodão e outras commodities agrícolas importantes produzidas em Estados do Iowa ao Texas, que votaram em Donald Trump na eleição presidencial de 2016.

A lista se estende a tabaco e uísque, ambos produzidos em Estados que incluem Kentucky, casa do Líder da Maioria no Senado dos EUA, Mitch McConnell, republicano como Trump.

Uma das primeiras oportunidades para EUA e China discutirem a questão se dará durante uma reunião do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, de 20 a 22 de abril, em Washington, onde autoridades financeiras tradicionalmente se encontram nos bastidores para discutir questões bilaterais.

Uma autoridade norte-americana, falando sob condição de anonimato, disse que nenhuma conversa havia sido agendada ainda entre o Secretário do Tesouro dos EUA, Steve Mnuchin e sua contraparte chinesa durante a reunião do FMI.

A possibilidade de intensificação de uma guerra comercial entre os EUA e a China resultaria em uma “difícil jornada” para a economia norte-americana, disse James Bullard, presidente do Federal Reserve de St. Louis.

Os bens fabricados nos EUA que aparentemente enfrentam sobretaxas na China, com base em uma análise da lista de Pequim, incluem carros elétricos da Tesla, automóveis Lincoln da Ford, jatos Gulfstream fabricados pela General Dynamics e o uísque Jack Daniel’s da Brown-Forman Corp

Produtos de tecnologia de informação, de celulares a computadores pessoais, escaparam em grande parte da saraivada mais recente das medidas comerciais entre os EUA e a China, apesar de contabilizarem uma grande parte do comércio bilateral.



Data da Notícia: 06/04/2018
Tags: China, EUA, Economia
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